Luis Vilar
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Ao “homem público” cabe o ônus e o bônus de ser – como está posto na própria definição – público. O ônus para este homem e bônus para uma sociedade é a prestação de contas. Neste sentido, há uma linha tênue entre a vida pública e a privada. Um bom populista, como muitos já vimos – inclusive em Alagoas (inclusive no Senado Federal), sabe apelar para estas nuanças e dizer que estão invadindo sua intimidade!
Ora, nada contra as amantes, os mimos, os luxos, castelos e palacetes de quem quer que seja. Não é justo, no entanto, que isto seja tratado como vida privada, quando na verdade somos nós – trabalhadores e pagadores de impostos, dentre outras obrigações – que pagamos as contas de motéis, bordéis, restaurantes, apartamentos de luxo, mimos, carros suntuosos, dentre outras mordomias indescritíveis, porém nababescas. Como separar então a vida pública da privada, quando eles mesmos confundem e – com o perdão do trocadilho – fazem na pública o que é da privada e vice-versa?
Nós, pagadores de impostos, se passarmos a vista pelos laudos financeiros da Operação Taturana vamos descobrir que compramos televisões de plasmas, que pagamos a jogadores de times de futebol, que participamos – involuntariamente, ao menos no ato de pagar as contas – com nosso “dízimo”. Mas, ainda assim, alguns políticos quando questionados sobre até que ponto misturaram o dinheiro público com o privado se sentem intimados por quem quer que seja a dar explicações que – segundo eles mesmos – não devem.
Se são inocentes, que prestem contas. Não é “pré-julgamento”. É obrigação. O ônus deles. Para que possamos ter nossos bônus, constantemente subtraídos. Se um político ao longo de 37 anos de trabalho consegue acumular R$ 5 milhões em uma conta bancária, sem a necessidade de apelar para os “meandros” sonoramente conhecidos dos bastidores da política, que mostre. Não se trata de vida íntima, mas sim de uma explicação plausível.
No mínimo, será um benefício para os pais de família que estão começando a trabalhar honestamente desde agora. Afinal, é um gesto de solidariedade dividir o empreendedor caminho das pedras. Eu – particularmente – não tenho 37 anos de trabalho, mas já acumulei um terço deste tempo trabalhando em redações de jornais e em salas de aula. Confesso: sou muito incompetente em matéria de lidar com vencimentos. Em pouco mais de 10 anos de trabalho ainda estou muito longe do meu primeiro R$ 1 milhão.
Os milagres de alguns alagoanos – ao enricarem – deveriam ser partilhados com a humanidade. Afinal, a Editora Sextante – especialista em título de livros no estilo Fique Rico, Pense Positivo – está perdendo uma excelente matéria prima, em nosso Estado. E não se trata de um político apenas em isolado, mas de vários que não compartilham sua vida íntima, nem esclarecem a conta dolorosa que nós – muitas vezes – pagamos.