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Luis Vilar

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Do duodécimo…

O deputado Marcelo Victor (PTB) usou o parlamento alagoano – na tarde de ontem – cheio de energia (desta vez a dele mesmo) – para criticar a possível redução do duodécimo da Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas. De acordo com o deputado Sérgio Toledo (PMN), o Governo do Estado está sendo demagogo e aproveitando um momento de fragilidade do parlamento.

Caros deputados estaduais, então mostrem publicamente os gastos da Assembléia Legislativa de Alagoas. Abram o caixa. Teoricamente, só existiriam três rumos para os gatos: investimentos, funcionalismo, e manutenção da Casa Tavares Bastos. Desde que o duodécimo foi dobrado pela gestão do governador Ronaldo Lessa (PDT), investimentos foi o que menos o Poder Legislativo fez nele mesmo.

A Casa Tavares Bastos estava caindo aos pedaços. Tanto que a reforma é um dos argumentos para não se reduzir o duodécimo. Funcionalismo: a Polícia Federal já desvendou este mistério e se viu que era um ralo por onde escorria o dinheiro público para privilégio de alguns “de bom sobrenome”. Quanta a manutenção e novamente investimentos, houve até um acréscimo com a implantação da TV Assembléia, por exemplo.

Porém, é preciso saber o que sobra de fato na Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas; e acompanhar de perto o rastro da grana. Pois, conforme as investigações federais se pagava de tudo com o dinheiro do Legislativo: financiamento de campanhas no interior do Estado, a acomodação de políticos e cabos eleitorais, mimos para as esposas e amantes, além de contas de time de futebol. Há outros gastos escusos que não foram revelados.

A Polícia Federal puxou o fio da meada dos destinos do duodécimo. Enquanto isso, o parlamento manco que possui uma Mesa Diretora manca, esperneia. Os deputados estaduais em momento algum criaram uma Comissão de Ética (que faz falta); eles se reuniram no corporativismo fechado, arquivaram todas as propostas que poderia significar isenção da Mesa Diretora e precisou a Justiça intervir. Aliás, os deputados parecem até desconhecer o que é quebra de decoro. Agora, que mexeu nas finanças da Assembléia, a gritaria começa?

Fala-se em aproveitar o “momento fragilizado do parlamento”? Ora, tem que aproveitar sim. Se não for neste momento para tirar a limpo as supostas práticas escusas que renderam diversas benesses aos nossos ilustres parlamentares, será quando? Vale frisar que com toda a “fragilidade” pregada, ainda há uma forte influencia dos indiciados no ar. Alberto Sextafeira (PSB) – o interino – faz questão de esquentar a cadeira para Albuquerque, por exemplo.

A sociedade clama pela verdade. Se o gasto do duodécimo foi posto em suspeição pela Polícia Federal, ele tem que ser reduzido sim. Os gastos devem ser feitos a conta-gotas, vigiando cada centavo, para que não escorra novamente sabe-se lá para onde, ou para quem. O Executivo não só está certo, como ainda foi “brando”. As medidas poderiam ter sido piores. Os parlamentares sabem disso. O deputado Marcelo Victor ainda foi infeliz em uma de suas declarações: “se a sociedade não está gostando do parlamento, azar! Que mude nas próximas eleições”.

Caro Marcelo Victor, às vezes compramos uma televisão nova cheios de expectativas, mas ao ligarmos na tomada vemos que nos venderam “gato por lebre”. Aí, nós – consumidores e eleitores – vamos ao Procon. O órgão também serve para reclamar de serviços mal ofertados. E aí, vamos ao Procon e reclamamos. Mas, infelizmente ainda não inventaram um Procon para os deputados estaduais. Então, podemos errar no voto. Errar por confiar em quem não merece. Porém, como a Assembléia Legislativa sequer tem comissão de ética e não sabe o que é quebra de decoro, ficamos reféns.

Infelizmente, o senhor Marcelo Victor está certo quando diz que o azar é o nosso. Temos o que reclamar, mas não com quem. Porém, caro deputado, é obrigação do parlamentar cumprir alguns preceitos previstos na Constituição Estadual. Carta esta que também diz ser crime roubar energia e sair por aí dando coronhadas em funcionários que cumprem o seu dever. Se é crime, é quebra de decoro, se é quebra de decoro, deveria ao menos ser instalado processo no parlamento, já que o senhor possui e deve ter o total direito ao contraditório e a ampla defesa. E eu defendo que o senhor se defenda!

O povo vota errado sim, Marcelo Victor. Até porque, alguns – vítimas da fome, da miséria e de outros males – viram – erroneamente é claro – nos R$ 50, oferecidos por alguns políticos em troca do voto, um alento provisório. Porém, caros parlamentares, se não há Procon, há Polícia Federal. E aí, os honestos, probos e ilibados dormirão de cabeça tranqüila e sempre entrarão de cabeça erguida no parlamento. Aos demais, boa-sorte, pois a qualquer momento podem estar de cabeça baixa e com um par de algemas.

“A política não é coisa para homem”, diz o deputado Marcelo Victor. A política – nobre deputado – é um exercício diário feito por todos, e não apenas parlamentares, na tentativa de mudar sua realidade, inclusive, com atos, protestos, ações organizadas, entre outras ferramentas do debate franco, dialético e construtivo. Não podemos abrir mão da política, ainda que não tenhamos nenhum cargo. Principalmente nós (o povo). Já a politicagem, esta sim, não é coisa para homem, pois – nos últimos tempos – ela tem sido a bandeira dos “polítiqueiros profissionais”.

Que se reduza o duodécimo, e não se abra apenas esta discussão para a ALE. Que se passe aos poderes constituídos apenas o necessário para sua funcionalidade plena.

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