Enquanto há tempo!

Ana Cláudia Laurindo
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Está lá no livro O Pequeno Príncipe, no diálogo com a raposa: ‘foi o tempo que perdestes com a tua rosa, que a fez tão importante!’
Vale para tudo nessa vida!
Se não dedicarmos tempo algum a alguém ou alguma coisa, não terá importância para nós. Quando não tem importância não nos toca, não nos envolve ou mobiliza. Há alheamento!
Isto vale para mim e para ti, para os times de futebol e todas as comunidades do mundo. Para os governantes e representantes dos interesses coletivos; para os governados e representados também.
Se não dedicamos tempo algum das nossas vidas em prol da melhoria da nossa casa ou da sociedade da qual fazemos parte, estaremos alheios a elas! Alheios não percebem, não ouvem, não alteram nada!
Quando somos atingidos por alguma situação incômoda, reagimos estupefatos! Não estamos acostumados a agir, e assim se aprende a duras penas, que reagir não basta! O que é necessário mesmo é agir para dá um basta!
Precisamos perder mais tempo com as causas coletivas! Importarmos com o descaso da saúde pública em Alagoas, antes de precisarmos ser internados no HGE e encontrá-lo lotado e insuficiente! Qualquer um pode ser vítima de acidentes!
Precisamos acompanhar a tragicomédia da educação pública em Alagoas, antes de esbarrarmos com os frutos espúrios da exclusão à nossa frente, arma em punho aos 10 anos de idade, sem perspectiva de cidadania ou futuro.
Precisamos perder mais tempo a nos importarmos com a segurança pública em Alagoas, antes de velarmos os corpos daqueles com os quais perdemos tanto tempo a educar, alimentar, amar…e alguém destrói com um tiro!
A sociedade também somos nós! Quanto menos tempo perdemos com o mundo surreal do consumo desenfreado pleno de competitividade e mesquinhez, mais estaremos aptos a perceber o tipo de vida que estamos tendo.
A sociedade largada ao Deus-dará da sorte avulsa! Enquanto paga caro por instituições mal governadas, mantendo um círculo ínfimo de bem pagos, bem assistidos, bem protegidos…Às custas da “má sorte” da maioria.
Aquele alemão que escreveu sobre as conseqüências do analfabetismo político, nos dava esse alerta! Aprendamos a ler os sinais, percamos tempo com o bem estar coletivo, assumamos o leme enquanto é tempo, pois quando ocorre o naufrágio é bem sozinho que a gente se afoga!