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Exigência do diploma e qualidade

Obs.: Caros leitores, por um erro deste blog a entrevista está detrás para a frente. Portanto, a leitura mais lógica seria do terceiro post para este primeiro. Agradecimentos e desculpas.

Na terceira e última parte desta entrevista, José Marques de Melo fala do “passionalismo” da mídia, durante a cobertura das eleições nos Estados Unidos e fala da exigência do diploma para o jornalista, combinada a uma formação intelectual nos bancos das universidades ou faculdades. Acompanhe:

Há duas discussões na mídia brasileira hoje: a criação de um Conselho Federal de Jornalismo e a exigência ou não do diploma para os jornalistas exercerem a profissão. O Conselho teria poderes, por exemplo, para melhorar a qualidade da imprensa, sabendo-se que esta mesma imprensa está nas mãos de grandes corporações empresariais?

JMM – Como o Conselho não foi instituído, qualquer iniciativa que se lhe atribua fica no terreno da especulação. E mesmo que venha a ser criado, dificilmente teria poderes para interferir na propriedade das empresas midiáticas. Seu âmbito de ação corresponde ao exercício da profissão de jornalista. As políticas de comunicação, inclusive o regime de propriedade, estão na esfera de competência do parlamento.

A exigência do diploma pode ser vista como um erro? Por exemplo: acredita-se que sem o diploma, a qualidade do jornalismo cairia ainda mais, o acesso a informação poderia sofrer distorções consideradas sérias e a sociedade perderia com isso. Haveria, de fato, estes problemas?

JMM – A exigência da formação superior aos jornalistas representou um salto de qualidade para o jornalismo brasileiro. Os novos profissionais demonstram prontidão para o exercício das funções informativas, independentemente do suporte tecnológico. Mas a melhoria da qualidade da informação não interfere diretamente no acesso ao seu consumo. A raiz da questão está na composição da pirâmide social brasileira, cuja base permanece funcionalmente analfabeta ou economicamente carente. Desta maneira, não pode demandar informação, muito menos informação de qualidade. Duas variáveis precisam ser ultrapassadas imediatamente – educação e trabalho – para neutralizar as distorções no acesso à informação.

As eleições nos Estados Unidos mostraram, pela primeira vez, o “poder” da internet, considerando que a Rede foi uma das molas propulsoras para a vitória de Barack Obama. Mas, há também essa visão “mística” de Obama, chamado até por alguns setores da imprensa um novo “Nelson Mandela”. Houve excesso de passionalismo na cobertura das eleições norte-americanos?

JMM – O “passionalismo” na cobertura das eleições não constitui exceção no comportamento da mídia brasileira. O espaço concedido aos Estados Unidos no noticiário dá a impressão de que somos uma unidade da federação ianque. A cobertura das eleições foi sintomática desse viés que fortalece o nosso “complexo do colonizado”. O que Obama vai fazer para cumprir suas promessas de campanha só o tempo irá demonstrar.

A eleição de Obama pode trazer o que de novo para a comunicação mundial?

JMM – Existe grande expectativa a respeito do seu reconhecimento sobre papel exercido pela internet e pela mídia de pequeno porte na sua vitória eleitoral. E também em relação à propriedade cruzada dos veículos de comunicação. O novo presidente fez promessas muito claras sobre o fortalecimento da mídia cidadã, que esperamos também se reflita em nosso país, já que mimetizamos cotidianamente o modelo americano de vida.

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