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Ao se perceber os números de crimes violentos em Alagoas, não é complicado notar que há tempos a segurança pública deixou de ser uma questão policial e se transformou em um caso social. E um caso social que os governos, tanto Estadual quanto municipais, não encontram soluções a não ser as oferecidas pelos cofres da União.
A gestão Rubim/Barenco caminha para o fracasso em busca destas soluções. Não por causa da imagem de xerifes modernos, o mito do herói criado para os dois delegados sem dinheiro para reformar delegacias aos pedaços ou presídios esburacados. Mas porque o Governo, neste caso o estadual, não conseguiu integrar secretarias, como já se discute em plano federal, no combate à violência.
Na Secretaria de Educação, por exemplo, não há projetos sociais além de uma espera messiânica por R$ 200 milhões, a virem do Ministério da Educação para injeção no corpo em espasmos das escolas ou na motivação- quase sumida- dos alunos; na subsecretaria de Esportes, os projetos sociais foram trocados pela ajuda aos clubes de futebol à beira da falência, e ressuscitados por alguma ajuda da Viúva, catada ao longo da estrada.
A Secretaria Estadual de Assistência Social, ao que parece, enfrenta dificuldades para encontrar políticas compensatórias além do Bolsa Família, que é um programa federal. Óbvio, pode-se pensar no Fundo de Combate à Pobreza (Fecoep) e na Agência de Fomento de Alagoas (Afal), mas os dois projetos seguem parados ou subutilizados, com dinheiro em caixa apenas para comprar sementes ou distribuir leite.
A Secretaria de Saúde, sob a justificativa da burocracia, entrega para o ano que vem o projeto de reconstrução de hospitais. É muito tempo para 94% da população excluída dos planos de saúde, ante a falta de alternativas além do SUS, e já sem tantos elementos de motivação em relação a qualquer Governo. Aliás, a burocracia é um dos maiores problemas, reconhecidos pelo próprio Governo. Quanto a Secretaria da Paz… melhor a formação do seu corpo técnico deixar explicar a existência dela.
Na própria Secretaria de Defesa Social ainda não se combateu o corporativismo em torno de delegados da banda podre da Polícia Civil, acusados de tortura, e devidamente protegidos por alguns prefeitos, especialmente os do interior de Alagoas. São os mesmos chefes de Executivo que trocam copos de cerveja com estes delegados do interior- da banda podre- chamados de “secretários de segurança”, discutindo a melhor forma de surrar os jovens, nivelados como traficantes ou ladrões, em nome desta Justiça sempre mais justa com as camadas mais ricas da sociedade. Essa é a única política social de algumas prefeituras, para combater a escalada da violência.
Ou ainda quem sabe poder-se imaginar a existência de algum patriotismo em coronéis da Polícia Militar, querendo voltar a integrar os escalões da corporação aceitando ganhar menos dinheiro, talvez para trabalhar na melhoria da segurança pública. Um fenômeno raro, que jamais estaria ligado ao carro e ao celular, regiamente abastecidos no passado pelos cofres públicos, antes servidos nas mãos destes coronéis e suas amplas capacidades de servirem aos alagoanos. Aliás, como sempre fizeram e vemos parte de suas heranças atualmente, no Estado que lidera os índices nacionais de assassinato.
Parece que ao se falar em segurança pública a ideia deve estar além dos discursos desacreditados de deputados estaduais, integrantes da banda podre da Assembleia Legislativa, ou da bancada federal, há pouco lembrada como a mais ineficiente do Brasil. Virou sim uma toada social. Neste ponto, o secretário Municipal de Direitos Humanos, em Maceió, Pedro Montenegro, segue na frente: a violência se transforma em um fenômeno de estudo, na busca de alternativas de recuperação do tecido social em frangalhos.
Herança da gestão Rubim/Barenco é que, pela primeira vez, mostrou-se que a violência não tem a cara daqueles bandidos pobres, desgrenhados e bichados, trombeteados no passado como quadrilhas especializadas em assaltos a bancos em vários estados do Nordeste, com a esperta capacidade de esconder o dinheiro até da própria polícia (uma piada de profundo mau gosto!). Mas, tem a face de parte da Assembleia Legislativa ou algumas câmaras de vereadores espalhadas pelo Estado.
Esse é o mérito do enfrentamento da atual cúpula da PC, mesmo ainda distante do ideal: mostrar a banda podre da política, a mesma que pôs a seu serviço a outra banda podre, esta da Polícia Civil de Alagoas, agora esgarçada pelo patriotismo nas cobranças para o fim da violência em Alagoas. E bem condescendente com a prole do crime, esta instalada nos poderes, e regiamente protegida pela banda podre da polícia, um escudo contra a ironia dos bandidos descalços da periferia.

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