Blog

Usuário Legado

Todas as postagens são de inteira responsabilidade do blogueiro.

Jogos de cena

É claro que as críticas do vice-governador José Thomáz Nonô (DEM) às lentas obras de reconstrução das cidades destruídas pelas cheias de junho em Alagoas são bem vindas. Mas, elas representam pouco, muito pouco, para milhares de pessoas que se apinham em ginásios, derretem em barracas com temperatura de até 45 graus ou se organizam em torno das cozinhas emergenciais. Uma emergência que parece nunca acabar.
Os efeitos das cheias se arrastam há nove meses em Alagoas. Os moradores de Murici e Branquinha protestaram várias vezes, bloqueando ruas- e nunca tiveram resultado. As casas populares ficarão prontas em dezembro- mais de um ano depois da liberação de milhões de reais, que abastecem empreiteiras, ajudaram em carreatas de um deputado estadual ou simplesmente foram queimados pelas chamas em um galpão no bairro de Jaraguá, sem que até hoje ninguém tenha sido preso ou houvesse uma investigação conclusiva do Ministério Público.
É justa a defesa do Governo quanto aos trabalhos dos técnicos, levantando informações nas áreas atingidas pela enchente- oferecendo, quem sabe, um suporte melhor a quem nunca recebeu muita coisa do poder público.
Mas, é justo também refletir que pais de família e seus filhos não lerão os jornais de amanhã (eles não sabem ler) para acompanhar as críticas do vice-governador ou os ardorosos argumentos da Secretaria de Infraestrutura- de que as obras andam em ritmo acelerado. Não andam.
Objetivamente, as barracas não têm banheiros, a embriaguez e as brigas estão se tornando constantes e a violência- assassinatos- preocupam os moradores que já perderam tanto, restando apenas a vida- agora arrancada pelo barbarismo.
É uma tentativa de não se desprender da dignidade, porque a esperança- a última que morre- ri diante de tantas promessas.
Nonô assumiu, na semana passada, a presidência do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecoep). As ações do fundo são pouco divulgadas pelo Governo, mas- imagina-se- o vice governador dará alguma prioridade ao cenário de guerra, formado pelos efeitos das chuvas de junho na zona da mata.
Isso para que as pessoas nas barracas não virem as mesmas que estão, há 23 anos, esperando menos jogos de cena- e mais uma casa- nas celas do extinto presídio Santa Fé, em União dos Palmares.
Porque nem os restos de um presídio nem uma barraca improvisada são um teto merecido a qualquer governante.

Veja Mais

Deixe um comentário