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Luis Vilar

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Faz tempo que não escrevo sobre Beatriz, três anos de idade. Recebi alguns e-mails de leitores cobrando mais peripécias da pequena sapeca que – na eminência de completar mais um ano de vida – passa a perguntar todo dia: “Já é quatro de abril?”. De personalidade forte, ela não pode ouvir um “não” em relação ao fato óbvio de que é outra data do calendário e retruca: “Mas eu quero que quatro de abril seja hoje”, bate o pé a pequenina Beatriz, ajeitando os óculos.

Beatriz – explicação aos leitores que não me acompanham e aqui chegam pela primeira vez – é minha filha, a qual me encanta com diálogos que se sabe lá de onde ela tira. Conversar com Beatriz é uma experiência indescritível na qual perco o tempo, a hora e vivencio um sentido poético nas palavras de minha pequenina “Midas”, que transforma tudo em festa ao seu redor…

Aos que cobraram novas histórias dela, aí vai uma que ocorreu ontem. Beatriz é muito apegada a avó – mãe de minha esposa. No domingo à noite, ao sair do banho e se enxugar, Beatriz cismou que só vestiria a roupa se fosse com a avó, mas esta não se encontrava em casa. Ela começou a zanzar nua pela casa e a chorar. Depois de um tempo calou o choro. Sentada no sofá da sala, começou a resmungar baixinho…

– Eu não vou vestir roupa. Não visto mesmo. Não adianta querer me vestir apulso. Eu quero vê me vestirem…(e por aí vai os resmungos).

Olhando aquela cena já um tanto quanto sem paciência, eu sentei ao lado dela. Ela se virou como quem deixa claro que quer ignorar alguém.

– Ele quer me vestir (disse Beatriz virada para a parede). Mas não vai conseguir. Eu quero a minha avó.

Eu respiro fundo e emendo:

– Minha filha, você está falando com quem?

– Com a ‘Beatrina’, minha irmã imaginária

– Irmã imaginária?! Indago já sem muita paciência.

Responde então Beatriz de forma inesperada:

– É. A minha irmã imaginária. As crianças possuem amigos imaginários. Você é adulto, por isso não sabe, nem vê. Eu posso ter irmã imaginária, eu ainda não cresci, está vendo não!

Eis então que Beatriz encerra a discussão. Foi-se embora minha sisudez e tentativa de colocar alguma moral para convencê-la de vestir a roupa.

Resultado:

– Está bem Beatriz. Eu não quero que você vista a roupa, apenas queria tomar um sorvete. Você quer ir comigo?

– A Beatrina pode ir?

– Pode sim, vamos

– Vamos, mas espere que eu tenho que me vestir.

Ela enfim veste a roupa.

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