Luis Vilar
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A frase acima é do assassino confesso do estudante Igor, conhecido como “Mister Alex”. Não quero julgar, nem condenar, até porque Mister Alex não é o único. Como ele, existem tantos outros por aí que se reproduzem aos montes na sociedade com um instinto perverso – que os sociólogos tentam explicar o motivo – capaz de tudo por conta de um par de tênis, ou até mesmo de alguns trocados para comprar o “cigarrinho de maconha”.
Quanto vale a sua vida? Talvez isto mesmo: um cigarrinho de maconha. Você está no ponto de ônibus, chega alguém para lhe assaltar, você pode morrer sem nem reagir. A revelação foi feita pelo Mister Alex, em entrevista a imprensa: “Ele não reagiu. Ele correu”. Mister Alex se diz arrependido de ter matado o estudante. “O tiro era para acertar a perna, ou as costas”, sentencia ele.
Assim, parafraseando um famoso político, a violência já está tão banalizada mesmo que só nos resta dizer ao assaltante: “Moço, atira, mas não mata!”. Ah, se o ladrão não estiver com muita pressa vale avisar também: “Olha, já que vai levar meu celular mesmo, faz um favor, liga para o Samu”. São táticas de sobrevivência na selva. Você tem que ter e começar a treinar antes que se depare com um “Mister Alex”.
Mas quem é ele? O sujeito excluído que é espancado todos os dias pela mídia e acredita que – por necessidade de fazer parte de uma sociedade de consumo desenfreada – possua o direito de matar e roubar, até mesmo por vingança à sociedade? Será? Pelo pouco que eu vi em entrevistas, me chamou a atenção a frieza deste rapaz.
O gelo que ele carrega na alma não é só dele, mas traduz de certa forma a selva de pedra que estamos construindo. A herança que estamos deixando para nossos filhos. Transvalorizamos o mundo. A sociedade é a do “TER”; com a falência do Governo, a Justiça é “PELAS PRÓPRIAS MÃOS”; Direitos Humanos virou um empecilho ao “CUMPRIMENTO DA ORDEM E DA JUSTIÇA”; Indignação é “ELIMINAR OS EFEITOS E NÃO AS CAUSAS”; segurança é “TRABALHAR PARA MORAR EM CONDOMÍNIO FECHADO E ANDAR DE CARRO BLINDADO”; ser cidadão é “PODER ENTRAR NA SOCIEDADE DE CONSUMO”, sem olhar para trás.
Quanto ao Mister Alex, tem que pagar pelo que fez na cadeia mesmo. É preciso ordem na bagunça. Ele precisa sentir as grades, mesmo que isto não chegue nem perto – e com certeza não chega – do sentimento de dor da família. Independente da história de vida do acusado, ele cometeu um crime e tem que pagar por ele. É o mínimo que se espera da Justiça.
Porém, estamos escrevendo uma nova cartilha de um novo tempo, me assusta o lugar que os diversos Mister Alex vão ocupar neste “novo tempo”. Não estou dizendo que a culpa pela violência seja a miséria. Não acredito nisto. Conheço gente de grandes valores éticos em locais paupérrimos e o fato – muitas vezes – não se repete nas mansões de luxo que já tive oportunidade de ir. Estou refletindo – comigo mesmo – que de uma forma geral estamos banalizando a violência, seja ela na classe média, pobre ou rica.
Nós nos acostumamos a ela. Casos como os do estudante Igor nos dá um sacolejo, mas aos poucos tudo volta ao normal e o sentimento de revolta e indignação passam até a chegada do próximo Igor, João Hélio, Douglas Vasconcelos, entre outras vítimas, que por meio de suas tragédias, mostram – de forma clara e evidente – o quanto é frágil os valores que temos para acreditar. Amor, humanidade, solidariedade, fraternidade, compaixão e outros valores…PARECE QUE ISSO NÃO TE PERTENCE MAIS…
A violência está travestida onde menos se imagina! Limites dentro deste Campo Minado? Quem sabe eu não compre uma arma também…eu juro, será – no começo – só para me defender…No mais, cito um compositor gaúcho: “Quem ocupa o trono tem culpa, quem oculta o crime também, quem duvida da vida tem culpa e quem evita a dúvida também tem…”
E ai, vamos encarar o problema da violência como algo a longo e curto prazo, que necessita de ações de polícia, mas também de políticas sociais e educacionais sérias, ou vamos continuar fazendo passeatas nas esquinas, a cada caso novo que surge, pedindo apenas e exclusivamente mais polícia?