Missão descumprida

Ana Cláudia Laurindo- blogdeanaclaudia.zip.net/

Um dia que nasce é uma flor que se abre, cumprindo a temporalidade até o momento de despetalar.
A cada dia uma missão de proliferação da vida!
Hoje é dia de falar de amor.
Compromisso humano de colaboração para interligar os sonhos e os desejos sem disfarçar os pesadelos e as frustrações.
Não há primor na mentira.
Aprimorar é também repensar, deslocar e reconstruir conceitos e paradigmas.
Ser político, crítico, solícito.
Denunciar, exigir o melhor que se pode dar.
Meu humanismo não vendou meus olhos nem adoçou minha boca com as guloseimas distribuídas nos alpendres do poder.
A acidez que corta palavras sai da consciência rumo a outras consciências, arte de comunicar.
Nem só de lágrimas se faz um caminho, nem sempre sorrimos ao caminhar.
Verdade seja dita: a vida é muito mais que uma rotina submissa!
Oferto minha voz aos que foram silenciados e exprimo suas fomes e gemidos sufocados, dor humana.
Minha pátria ainda não conseguiu ser mãe gentil. Meu estado sequer nos lega identidade, somos votos, rebanhos soltos no pasto, gomo verde moído nas usinas e tornado melaço.
Alagoas e suas mil e uma dores!
Terra de marechais de ferro, frio aço e impunidades. Assassinos no poder, intelectuais nos cafés, juventude na bandeja da violência para agradar a dança de Salomé.
Com o quê sonhar?
Ensinar na escola sobre quais heróis, se heroísmo não há?
Esperar, talvez, o pôr-do-sol e com ele adormecer para contemplar a morte da flor.
Covardemente montados nos átrios da omissão vestir um terno preto e proclamar a derrota dos alagoanos a cada anoitecer.