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Pobreza, corrupção e “fraqueza” do povo são apenas três das marcas de Alagoas? Não acredito. Há pelo menos três situações- recentes- que mostram como é demagógica a ideia de que só e apenas só o voto é capaz de mudar a atual realidade alagoana. Isso porque o povo- isoladamente- não é “responsável” ou “culpado” pelo atual contexto nem o mesmo povo é fator exclusivo de mudança. Há bem mais a ser discutido.
Na semana passada, o Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gecoc), do Ministério Público Estadual, descobriu um fabuloso esquema de notas fiscais frias. O funcionamento era simples, mas desviou milhões. R$ 4,4 milhões, para ser exato, em únicas duas prefeituras alagoanas. E não parou por aí. Protagonistas deste esquema? Alguns prefeitos do sertão, agreste e zona da mata.
Ano passado, o Governo Federal investiu, em Alagoas, R$ 6,5 bilhões, em áreas como Saúde, Educação, Assistência Social, programas de combate a pobreza… A lista é grande. Destes, 40% (mais de R$ 2 bilhões) foram desviados. Os dados são do controlador Geral da União, Arnaldo Flores, transferido de Alagoas para o Mato Grosso na semana passada. Ele sai de Alagoas levando uma imagem daqui e não é qualquer uma: a CGU sabe tudo dos cofres das prefeituras. “As pessoas que detêm o poder, ao invés de trabalharem pelo bem estar coletivo, entram na política, para mim, com dois objetivos: o primeiro, juntar dinheiro para a próxima campanha, caixa de campanha com dinheiro público. O segundo é aumentar o patrimônio pessoal, desviando recursos públicos”.
Um diagnóstico curioso. A fiscalização aperta o cerco contra os chefes do Executivo; mas, eles confiam na impunidade via Justiça. Infelizmente, a imagem do “xerife” da CGU alagoana se refere a maioria das prefeituras no Estado. A radiografia de como é aplicado o dinheiro público por aqui está nas mãos do controlador. Quase inquestionável dizer que ele exagerou em alguma coisa.
Estes índices levam a outro recorde: 59% da população alagoana dependem do Bolsa Família. Mais da metade! Acima dos discursos (necessários, mas pouco profundos) que o programa serve para comprar votos de miseráveis, como extinguir a miséria tendo, por outro lado, prefeitos preocupados em “aumentar seu patrimônio pessoal”, como diz a CGU?
Fica a lição da favela Mundaú, às margens da Lagoa, no Dique Estrada, em Maceió. Os marisqueiros podiam deixar de receber o Bolsa Família. Afinal, eles trabalham na cata do sururu, recebem R$ 1,50 por lata vendida à beira da pista e têm público cativo: até os restaurantes da orla compram o marisco.
E porque continuam a receber o dinheiro federal? A atividade é desorganizada e diante de famílias de altíssimo risco social (divididas entre a prostituição de meninas de oito anos, meninos eliminados pelo crack, falta de posto de saúde, assistência social ínfima e como única política pública a polícia invadindo os barracos), só se se nos confiarmos nas leis de Spencer: a raça inferior será extinta pela sua fraqueza ou sua incúria.
Pensamentos assim elevaram governantes ‘eugênicos’ ao Poder. A experiência foi catastrófica.

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