Certa vez me veio uma dúvida a qual na primeira oportunidade perguntei a um amigo engenheiro: qual o momento exato em que um processo químico ou elétrico transformava-se em um processo mecânico – ou, para deixar mais claro: como e em qual instante um comando dado em uma máquina, como por exemplo, acelerar um carro...
Certa vez me veio uma dúvida a qual na primeira oportunidade perguntei a um amigo engenheiro: qual o momento exato em que um processo químico ou elétrico transformava-se em um processo mecânico – ou, para deixar mais claro: como e em qual instante um comando dado em uma máquina, como por exemplo, acelerar um carro para pô-lo em movimento ou apertar um botão para abrir um portão eletrônico, finalmente acontecia. Fiquei curioso num pequeno instante de devaneio, por não compreender como algo inerte se moveria sem o toque humano das mãos, oriundo apenas de processos químicos – no caso de combustíveis, fagulhas e gases – e elétricos ou eletrônicos – com condutores de eletricidade obedientes a comandos ordenados e sistemáticos. Então, em algum instante haveria o início de um dos pilares da mecânica: o movimento. Era a passagem do invisível ao visível, do intangível ao tangível – ou do imaginário ao mundo real, para ser mais filosófico.
Após uma breve e clara explicação, passei a compreender mais um processo genial, dentre tantos, criados pela mente humana, capaz de interpretar as regras da natureza e utilizá-las a seu favor.
Após algum tempo, veio-me um novo questionamento, que embora distinto, guardaria grandes semelhanças com o primeiro do início do texto: em que momento uma ideia tornar-se-ia uma ação? Ou melhor, para deixar mais claro: quando uma ideia ou um desejo sairia dos limites do cérebro e se transformaria em ações concretas, como um prédio, um assassinato ou o início de uma dieta.
Concordamos que tudo que criamos, do avião aos sulcos de uma lavoura, iniciou-se primeiro de uma ideia. Após surgir na mente de alguém, esta criou corpo, cresceu, floresceu e finalmente tornou-se real. Embora pareça banal, existe neste processo um salto maior que se imagina. A passagem do invisível ao visível, do intangível ao tangível ou finalmente do imaginário ao mundo real, exigiria esforços e processos mais complexos do que aparenta – é um salto que nem todo mundo ousa realizar.
Quantos vezes não conseguimos pôr em prática nossos pequenos e grandes desejos ou projetos? Da mudança de emprego às relações familiares, das modificações de comportamentos e hábitos às pequenas e grandes transformações, muitas vezes adiados indefinidamente ou devidamente arquivados nas profundezas da nossa mente – às vezes para sempre. Então assim, como a pressão dos gases resultantes da evaporação de carburetos pressionados no pistão ou passagem de corretes elétricas em circuitos e fios que acionarão motores e outros dispositivos, volta e meia nossas ideias também pulam para fora da nossa cabeça e fazem o mundo ser o que é – e nós sermos quem somos. O processo da concretização das ideias – nocivas ou não – é o que me intriga desde então.
Enquanto isso, felizmente ou infelizmente, alguns projetos são arquivados e muitos sonhos tornam-se realidade, porém ainda não encontrei um engenheiro, um neurocientista ou um filósofo que ousasse explicar-me de forma simplificada. Se eu fosse capaz de compreender como e porque acontece essa transição de pensamentos em ações, acho que decifraria o segredo de muitas outras questões – afinal, já foi dito que “ideias não mudam o mundo, mudam as pessoas. As pessoas mudam o mundo.”