O caminho dos votos

Mais de uma vez sugeri neste espaço identificação entre as votações do caso Renan Calheiros e da proposta de prorrogação da CPMF no Senado da República. Cheguei a manifestar surpresa quando o senador alagoano renunciou ao cargo de presidente daquela casa, praticamente negociando a salvação do seu mandato, sua absolvição.
Eu esperava troca com uma volta mais polpuda, que a função maior no Senado justificaria não somente a absolvição de Calheiros, mas também a aprovação da continuação do imposto sobre o cheque.
Era o que indicavam o desempenho de Renan, a partir de seu pedido de licença e posterior prorrogação, de seus pares e do próprio governo.
Ao que tudo indica, as atrapalhadas atitudes de Lula e da base aliada fizeram crescer tanto as diferenças entre as propostas, que o senador alagoano preferiu não correr riscos, resolveu o seu problema pessoal, com grande prejuízo, diga-se, e deixou o presidente com o dele e a sua turma.
Hoje, muitos já avaliam, com riqueza de detalhes que a distância não nos permite, que na votação da CPMF faltou Renan Calheiros para indicar ao governo o caminho dos votos para se vencer no Senado. Caminho que ele soube percorrer no momento em que precisou fazê-lo em sua própria defesa.