Usuário Legado
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O Bope é uma polícia especializada no combate ao crime de natureza complexa. Mas, a ação dos homens do batalhão (conforme vídeo do Cada Minuto) revela a exata grosseria da realidade alagoana e a forma despreparada do Estado em tratar os problemas sociais e seus cidadãos, chamados pela maioria de “bandidos”, “maloqueiros”, “vagabundos”.
Em 2006, o Estado, representado pelo Bope, atirou bombas de efeito moral para dispersar a Secretaria da Fazenda de professores que infestavam as salas pedindo aumento salarial. E para espantar as baratas do Detran, o mesmo Estado, pelas mãos do Bope, arrancou funcionários e jornalistas da autarquia. Eles atrapalhavam a imagem de alguma coisa, que se chama Estado, porque queriam aumento de salário. Que protestassem em algum povoado longe da civilização, dos olhos da maioria. Assim age o Estado, não os policiais do Bope, funcionários públicos a serviço, muitas vezes, da covardia dos mandatários do Estado.
O treinamento do Bope não revela apenas a força da força, mas a ignorância da força. A ignorância que ignora a existência dos direitos humanos, coisa de “bandido”, “maloqueiro”; a ignorância das leis, do tratamento jurídico na abordagem do cidadão, bandido ou não. Assim é o vídeo do jornalista Wadson Correia, do portal Cada Minuto, com imagens que não são negadas nem pelo comando do Bope, que encaminhará o caso a Corregedoria para apurar o excesso.
Mas, as imagens são sim tratadas como uma boa parte das pessoas gostaria que a polícia agisse: fora da lei. Não todos querem assim, porque as regras têm as suas exceções. Como em 2005, quando a Polícia Federal prendeu prefeitos e ex-prefeitos chamados de ratazanas, por roerem as camadas do Tesouro, através da merenda escolar, e boa parte dos comentários dos sites defendia os prefeitos, não pelo fato em si, mas o excesso da Polícia Federal em colocar algemas em seus pulsos. Falavam até em trauma de família.
Não é exatamente o nosso primitivismo ou evolucionismo alagoano em evidência. É a nossa capacidade de estarmos distantes de sermos gente. Cidadãos.