Luis Vilar
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A recente pesquisa do Ibrape – divulgada com exclusividade pelo Alagoas 24 Horas – traduz uma realidade favorável para o prefeito de Maceió Cícero Almeida (PP). É preciso analisar com calma a ampla vantagem que ele leva em relação aos concorrentes. Em alguns casos – nas pesquisas estimuladas, como pode observar o leitor – o prefeito ultrapassa 80% das intenções de voto. Isto acontece por dois fatores que nada tem a ver com o desempenho de Almeida à frente da Prefeitura Municipal, ainda que haja uma grande aprovação popular neste sentido.
É claro que – por ter a máquina nas mãos e pela boa administração das pastas ligadas à Infra-estrutura – o prefeito estaria liderando de qualquer forma, mas há razões subcutâneas para este hiato entre ele e os adversários…
Os dois fatores são: a indefinição dos opositores de Almeida, que apesar de tecer críticas nas rádios ainda não entraram de cabeça, nem se assumiram candidatos, até mesmo para evitar uma campanha antecipada. Sendo assim, Cícero Almeida ainda é o único candidato que o povo conhece e ele tem feito bom proveito disto. Em cada inauguração, ou evento da Prefeitura Municipal, o senhor prefeito esbanja no discurso de candidato e bate com força nas forças ocultas que – segundo Almeida – não possuem serviços prestados à sociedade maceioense.
O segundo fator é que os possíveis candidatos estão – de uma forma ou de outra – associados à experiência socialista fracassada que se deu no Estado de Alagoas. Como se não bastasse, alguns que se encontram nesta lista ainda acumulam um forte índice de rejeição – como é o caso da prefeita Kátia Born (PSB), que acaba arrastando o deputado estadual Alberto Sextafeira (PSB), por tabela. Em 2008, o candidato que receber o apoio do Governo do Estado tem que torcer para as coisas melhorarem na administração de Teotonio Vilela Filho (PSDB). Torcer para que surjam os resultados positivos, para que o apoio possa ajudar.
Atualmente, este apoio ainda atrapalha. Tanto é assim, que os adversários sabem da importância de unir forças para reagir diante do favoritismo de Cícero Almeida. Alberto Sextafeira – em recente entrevista – falou da importância dos partidos de base governista se unirem para lançar candidato único. Geralmente, a disputa pela prefeitura tende a desagregar as bases aliadas do Governo do Estado. Historicamente tem sido assim. Em 2008, o quadro pode ser diferente e veremos, quem sabe, quatro blocos políticos.
O primeiro é encabeçado por Cícero Almeida, que levará junto consigo o Democratas e o PR, reafirmando a aliança com a vice-prefeita Lourdinha Lyra. O segundo é mais uma aventura do PT, que visa mais o fortalecimento do partido do que necessariamente uma vitória. Sairia candidato o deputado estadual Judson Cabral (PT). O terceiro bloco seria os dos aliados do Governo do Estado. Por fim, os radicais, que podem vir com o eterno candidato Ricardo Barbosa, ou com Heloísa Helena.
Entre estas quatro forças, ainda vale ressaltar o surgimento de uma quinta: um bloco articulado pelo senador Fernando Collor de Mello (PTB). A esfinge política pode fazer estrago e já demonstrou isto, ao destronar Ronaldo Lessa, quando favorito absoluto na disputa pelo Senado Federal.
O PDT de Ronaldo Lessa ainda anda em cima do muro. O ex-governador tem exagerado na paciência e a depender da decisão da Executiva, o político pode acabar debruçado na janela vendo o cavalo que passou selado. Lessa sabe que – estrategicamente – a decisão de 2008 é ponto de partida para construir sua candidatura ao Senado Federal em 2010. Lessa ainda sonha com isto e tem que evitar o ostracismo. Quem sabe Ronaldo Lessa não bote a cara só para ser “relembrado”.
Outros números ainda virão. Daqui para frente, Cícero Almeida tende a cair nas pesquisas – porém sem perder o primeiro lugar. Por que a queda? Bem, os escândalos da Prefeitura Municipal serão mais explorados pela imprensa e aos poucos os blocos vão saindo às ruas e a situação vai ficando mais clara. Agora, há um número da pesquisa ao qual foi dado pouca importância. É o índice de rejeição de Cícero Almeida. Independente do lugar na tabela de intenções de voto, sempre se deu bem nos pleitos e acabou abocanhando a eleição, quem tem pequena rejeição. João Lyra (PTB) que o diga. Almeida tem apenas 4%. Isto é muito bom para o prefeito. Aconteceu o mesmo com Ronaldo Lessa quando ele foi eleito prefeito de Maceió, mesmo estando lá atrás nas pesquisas. Havia pouca rejeição ao seu nome, se comparado aos candidatos da época.
Porém, em muito breve, Almeida vai lutar contra o monopólio das comunicações deste Estado. É hora de saber se acusações possuem “tutano”, pois se possuírem e forem baseadas em fatos incontestáveis, pode ser aberta uma caixa de Pandora. Então, será preciso o Ibrape voltar às ruas…