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Nunca será demais lembrar, mas, ao pisar em Alagoas hoje, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, vai se defrontar com um assombroso quadro no combate a violência no Estado que é tido, pelo próprio MJ, como o mais violento do Brasil.
Relatório do Unicef (Situação Mundial da Infância) abriu este ano uma exceção e fez uma análise sobre a adolescência. Uma fase de oportunidades, de conquista da cidadania, fase em que se deveria haver a redução das desigualdades.
E como Alagoas trata este público? O ministro traz, debaixo do braço, os dados de cor e salteado, do Instituto Sangari- números bastante conhecidos pelos alagoanos:
. O Estado é o segundo que mais mata seus jovens, entre 19 e 20 anos. A taxa é de 27,1 para cada 100 mil habitantes;
. Estendendo essa análise da adolescência a transição para a idade adulta (15 a 24 anos), os números pioram: 125,6 mortes para cada 100 mil habitantes. É o primeiro do Brasil;
. E dos 15 aos 29 anos? Alagoas continua em primeiro lugar, com 122,7 mortes a cada 100 mil;
. Dos mortos do sexo masculino, Alagoas é quem mata mais: são 114,9 por 100 mil;
. Dos mortos do sexo feminino, carrega o terceiro maior percentual do Brasil: são 6,8 por 100 mil;
. E quanto a raça? 57,3 por 100 mil dos que tombam são negros. É o terceiro maior do Brasil;
. E o índice de vítimas negras, em Alagoas, também é o terceiro maior do Brasil: 626,9 por 100 mil. O terceiro maior da federação;
. E se existem dúvidas quanto a racialização da violência no Estado mais pobre do Brasil, entre os brancos, os números são 7,9 por 100 mil. Neste item, o Estado fica na 24ª posição;
E se for levado adiante o critério da raça entre os jovens de 15 a 24 anos, a fase de transição para a vida adulta?
. O índice de vitimização negra não se altera: 538,3 (o terceiro maior do Brasil);
. 117,9 por 100 mil, entre os homicídios contra os negros (quarto maior);
. 18,5 por 100 mil, entre os brancos (décimo sétimo da nação).
Voltando ao relatório do Unicef, em vários pontos, há reflexões importantes sobre a situação dos jovens no mundo. Em especial este público que Alagoas elimina persistentemente:
. Identifica-se o “imenso potencial” para seu próprio desenvolvimento- e de outros jovens, como as crianças;
. Precisam de condições equitativas e sem discriminação para o desenvolvimento destes potenciais; e
. Pede um “esforço especial” para a redução dos assassinatos entre os adolescentes. Esforço, também, de Governo, além da sociedade civil.
E qual a imagem do adolescente para o Unicef- baseando-se em estatísticas, números coletados pelo mundo?
“(…) apesar de os adolescentes serem considerados por muitos como uma ameaça, na prática, uma pequena parcela de adolescentes desenvolve hábitos negativos, como abuso de drogas e envolvimento com a criminalidade. A grande maioria avança para a idade adulta pacificamente e, nos casos de violência, são muito mais frequentemente vítimas do que autores”.
De concreto, Alagoas criou a Secretaria da Paz para ajudar a “moçada da droga”. Os gastos da secretaria são ocultos: quanto em diárias? E os gastos com as comunidades terapêuticas?
Não se sabe. Mas, Brasília sabe: Alagoas não sabe como balançar o filho parido por Mateus.