Usuário Legado
Todas as postagens são de inteira responsabilidade do blogueiro.
A violência em Alagoas ganha características peculiares, na primeira década do século que pôs o segundo menor Estado da federação no topo dos mais violentos do Brasil.
Há aquela violência quase silenciada, a dos comentários nos blogs. No espaço do leitor- e cita-se aqui o assassinato do designer de interiores Flávius Lessa- há a necessidade de alguns justificarem o crime pelo dia a dia da vítima, condutas pessoais ou até mesmo ironias apócrifas, chulas, suprimidas deste portal.
A tradição que pôs Alagoas no ranking dos mais violentos segue uma justificativa- quase aceitável- de que a vítima em si era responsável por estar ali, naquele local ou hora determinados.
Da nossa sociedade violenta e devastada pela pobreza e corrupção insanas, emerge o gérmen do desprezo em relação a vida, a proteção ao criminoso e a criminalização da vítima.
O barão é ladrão, sim, porque o roubado não olhou seu tesouro. Ou o tesouro estava na encruzilhada, esperando novas mãos.
Finalmente, vozes se levantam contrárias a esta lógica autoritária. São as vozes mostrando que a violência não é um fenômeno individual- ou uma briga entre comadres, como alguns insistem em alardear- mas algo a ser encarado e superado por esta sociedade ainda com pinceladas de arcaísmos.
A repercussão da morte do designer de interiores, Flávius Lessa, é mais um destes exemplos em que o submundo da consciência se levanta para mostrar o quanto a violência se retroalimenta e encontra no poder público a incrível justificativa do silêncio dos bons e o sorriso dos velhos- essa sociedade desaparelhada- em meio ao campo de extermínio.