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Passadas duas semanas, depois de denúncias do EXTRA, o Tribunal de Justiça ainda continua arrastando o seu silêncio. As expectativas em torno de um pronunciamento- contundente- da direção do TJ sobre as diferenças salariais pagas a juizes e desembargadores- além do benefício aos parentes de integrantes da magistratura- devem ser adiados por pelo menos uma semana. Podem acontecer- se acontecerem- após a publicação da varredura do Conselho Nacional de Justiça, em Alagoas.
Não se trata de comparar os corredores da alta Corte alagoana com os da Assembleia Legislativa. Nem falar de uma "quadrilha do TJ", como existiu na Casa de Tavares Bastos, entregue, às escâncaras, hoje, aos sonhos por vagas no Tribunal de Contas ou a fútil possibilidade eleitoral, de 2010.
Os nossos parlamentares não precisam estalar os lábios no "se lixe" a opinião pública, soados dos catedráticos do Poder em Brasília. Eles o fazem sem tanto esforço em seus pronunciamentos, atitudes ou PEcs.
Há grandes diferenças entre os dois lados, do TJ e da Assembleia. E ao mesmo tempo coisas comuns. Por exemplo: há sim magistrados citados em ações criminosas na Justiça de Alagoas. Eles são sim incômodos e foi a atuação deles e o silêncio sobre eles, durante anos, que redundou no atual contexto. Mostraram- esses magistrados sem cidadania- que eles e todos os juízes e desembargadores são tão iguais quanto a lama que cobrem os pescoços do lado comprometido. Não é bem essa a interpretação. Quiseram fazer assim.
A Justiça de Alagoas ainda é excludente; trata mal o povo, patrão e mantenedor da ostentação de alguns desembargadores ou juízes; essa Justiça melhora sua forma de agir com a elite porque suas identidades parecem próximas. O Judiciário de Alagoas, afora exemplos como do desembargador Antônio Sapucaia, não veio das classes mais baixas. Não nega suas origens, apesar de querer carregar o flanco da humildade gandhiana. Ou cristã.
A Justiça de Alagoas carrega as veias da Corte. O olhar disso não é exclusivo a um único poder. Na história de Alagoas, percebe-se que os discursos em torno do público e do privado eram unificados por um único lado: o dos “donos” das terras. Estas explicações eram costuradas pelos intelectuais- os servidores do regime. Alagoas criou heróis que nunca teve, inventou a história paralela de sua traição, em 1817, durante a revolução pernambucana. “Esqueceram” de contar que, em troca da traição, D. João oferecia altos postos na nobreza portuguesa aos integrantes da falsa intelligentsia alagoana.
Coincidência: a disputa por altos postos burocráticos na máquina pública, em Alagoas, não parece ter alterado sua metodologia, quase duzentos anos depois, e com seus tantos dom joões espalhados por aí.
Dos poderes públicos, há a chance de renovação. Um integrante do TJ sugeriu, pelo menos, um pedido de desculpas sobre as gratificações ilegais, vindos do tribunal. Afinal, todos merecem explicações pelos desmandos deste pequeno grupo, cortejado por tantos e açodados críticos, pouco afeitos à transformação. São os traidores de 1817. A história é viva.
A mudança no TJ está depositada em várias mãos: da presidente, desembargadora Elisabeth Carvalho do Nascimento; do corregedor, José Carlos Malta Marques; de juízes, como Marcelo Tadeu e Sandro Augusto. Eles ditarão os novos rumos da Corte.
Pode-se ainda optar pelo retorno ao passado, como faz a Assembleia, em direção aos braços de D.João e seus funcionários de um Império dispendioso, sobrecarregado de deboche e lixando-se para o povo.

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