Luis Vilar
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O delegado Valdor Coimbra traça um quadro alarmante com relação ao tráfico de drogas na região que hoje é de responsabilidade de sua equipe de policiais civis, lotados no 10° Distrito Metropolitano da Polícia Civil de Alagoas, em Maceió. Coimbra destaca os níveis de miserabilidade e a quantidade de favelas da região. O primeiro ponto – na visão do delegado – é uma constante porta aberta para o tráfico de drogas. Com isto, algozes e vítimas – que possuem mesmo nível social e faixa etária – se destroem sem qualquer perspectiva de mudança de quadro.
Um enredo comum quando o assunto é tráfico de drogas. Aliás, uma miniatura nociva da realidade vivida em cidades como Rio de Janeiro. Uma miniatura, que diga-se de passagem, tende a crescer. É a ausência de políticas sociais efetivas. Ou seja, a parcela de culpa dos poderes constituídos em deflagrar a violência, que nos mais belos discursos longos se promete resolver. Quanto à quantidade de favelas, estas são dominadas pela rede do tráfico de drogas, fazendo imperar a lei do silêncio, a ponto dos moradores da região começarem a deixar o local na mais “profunda e absoluta mudez”. São alvos, são arquivos vivos, que não podem dizer para onde vão. Há possibilidade de migrarem para novas favelas.
Anônimos sociais que – na condição de retirantes, não pela seca do Sertão, mas sim pela “seca da esperança” – são obrigados a sumirem do mapa. Os poderes constituídos já esqueceram deles. Agora, colocando mesas, fogões, geladeiras, e outros pertences em cima dos caminhões, eles esperam serem esquecidos pelos traficantes também. Afinal, muitos testemunharam crimes e – aflitos, como não poderia deixar de ser – comungam com a “lei do silêncio”: um pacto firmado com olhar, onde se assina com a própria vida a sentença. Falar ou continuar vivo.
Assim ocorre em favelas do Eustáquio Gomes, do Santos Dumont, do Graciliano Ramos, do Gama Lins e do Lucila Toledo. Estes conjuntos são citados nominalmente pelo delegado Valdor Coimbra. “A maior preocupação é o tráfico. É dele que – nesta região – tem derivado todos os outros tipos de violência, incluindo os homicídios, assaltos, dentre outros”, coloca. Coimbra é responsável pelo inquérito que apura a morte do pequeno Williams, de apenas um ano de idade. Uma das mais recentes vítimas de uma bala perdida deflagrada por um traficante, durante um tiroteio no meio das favelas.
Para combater esta criminalidade, a Polícia Civil de Alagoas apresenta suas armas. Uma delegacia que funciona em um pequeno prédio em uma das vias principais do Eustáquio Gomes de Mello. Dentro da distrital, 19 policiais se subdividem em turnos. Além do processo investigatório, eles também são obrigados a serem carcereiros de 11 presos que se encontram amontoados em uma cela da delegacia. O prédio tem duas celas, mas uma se encontra desativada.
Com a quantidade de presos, Valdor Coimbra diz temer fugas, ou até mesmo invasões, já que o tráfico de drogas é capaz de – literalmente – “tudo”. Então, às 18 horas, é passado o cadeado na porta da delegacia. Lá dentro, uma ilha que tem que investigar uma realidade da qual já ficou refém e talvez nem saiba! Assim, o tráfico de droga vai ganhando espaço na periferia, vai escalando seus degraus deixando um rastro de sangue, até bater na sua porta, se é que já não bateu e você nem sabe…