Usuário Legado
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O maior escândalo de desvio de dinheiro público na história de Alagoas será entregue, na próxima terça-feira ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região, em Recife, para os encaminhamentos jurídicos – e complexos- da burocracia legal. É a Operação Taturana, o “soco no queixo” da Assembléia Legislativa, nas palavras do superintendente da Polícia Federal, José Pinto de Luna.
Encerra-se a etapa pública da investigação. Os caminhos estarão agora sob os auspícios do Judiciário, muitas vezes confundidos com a saga da impunidade nos tortuosos caminhos psicológicos de alguns desembargadores do TRF da 5ª Região.
Desta vez, porém, segundo admite a própria Polícia Federal , as provas são tão contundentes que “só um milagre”, dizeres da PF, podem retirar, da cabeça do esquema, os parlamentares que transformaram a Assembléia em uma “porcaria”, como diria um ex-governador ao falar de seus eleitores, antes confundidos com os bois de um curral.
(Agora, saíram dos elementais mamíferos para os porcos, uma fase normal do crescimento dos tentáculos venenosos do Poder).
Claro, o inquérito acumula algumas decepções. O deputado que virou conselheiro, um brinde ao descalabro e que na primeira oportunidade “vai meter a mão”, como disse o delegado Jandelyer Gomes, sob a batuta do jornalista sagaz Mauro Wedekin, da Record.
Acumulam-se vitórias também, como o outro deputado, o líder da quadrilha, algemado e rogando aos céus, todas as noites e em direção a uma Igreja, no Quartel do Corpo de Bombeiros Militar, no Trapiche da Barra, uma confusão entre a santidade e a sanidade da sociedade desigual e coberta pela bolha do mau comportamento do sistema.
Mas, qual o resultado de tudo isso? Óbvio, o desmantelo do esquema interferiu- e muito- na logística eleitoral deste ano. A Assembléia mantinha as eleições e as estruturas sobre-humanas montadas na surpreendente e incrível saga do dinheiro pelas prefeituras, comprando os votos de todos para eleger os poucos.
Hoje, é diferente. Há bem menos dinheiro nas eleições e, portanto, mais desespero.
Sem dinheiro, quebra-se o cabresto. Sem o cabresto, o prefeito ou o presidente da Câmara, indiciados pela Taturana, ficam na vala comum dos iguais. Há menos capital, mais investigação e exposição do mundo do crime pela imprensa.
Deixa-se a lista do fundamentalismo de sua organização feudal e escapa de sua faixa de controle. Para ganhar o cargo, com menos dinheiro, valem as armas ou um “banho de sangue”, como diria um deputado em discurso em praça pública, na cidade de Cajueiro.
Fica difícil chegar “lá” sem a “senha” ou o produto financeiro para os “consumidores”.
Inclusive ele próprio, o deputado do banho de sangue, indiciado pela Taturana. Sem argumentos para os eleitores, os votantes passam de bois ou porcos para subordinados pelo patrão. Óbvio, ele mesmo, a autoridade.
Para sobreviver, é necessário destruir, matar. Quem teme, também não vota.
E assim avança a pistolagem. “Tenho certeza que se acabarmos com a pistolagem, vamos diminuir a violência e os homicídios”, disse o secretário de Defesa Social, Paulo Rubim, na terça-feira. A força das balas está mais poderosa por causa do “soco no queixo” da Assembléia.
E não é necessária a imprensa nacional ou internacional para alardear isso. Todos sabem daquilo que muitos ignoram. O fato é nosso, a República das Alagoas não morreu. Mas, ela passa a ser um fenômeno menos tragável, por todos nós. Quem sabe em 2010 não será diferente?
O que resta à sociedade alagoana, depois da devassa na Assembléia? A certeza – caro delegado Jandelyer Gomes- que todos nós ganhamos. Não heróis, como insistimos em olhar para o senhor ou Antônio Sapucaia ou José Pinto de Luna ou ainda os peritos da PF que minuciosamente- e no anonimato- ajudaram-nos a mostrar tudo isso.
Ganhamos o alerta para a cidadania. Há uma fraude contábil na Assembléia, mais verba que a conta, que agora compromete o ajuste fiscal, o sonho do sempre insistente secretário de Planejamento Sérgio Moreira, na ajuda para “vender” a dívida pública e ter mais dinheiro em caixa.
E se Paulo Rubim não tem dinheiro para combater a violência ou o Governo cortou R$ 67 milhões da Educação este ano, no Estado com maior número de analfabetos do Brasil, é porque os deputados ainda insistem em desenvolver suas formas ótimas de crescimento, sem olhar nós, os porcos, os bois ou eleitores.
Os nobres parlamentares enriquecem através do colapso de Alagoas. A transparência? Ela existe sim, na garagem da Casa de Tavares Bastos. São os carros de luxo, exibidos pelos parlamentares.