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Os debates, as ausências, o surreal

A noite de quinta-feira fechou um ciclo. O terceiro e último debate com os candidatos a prefeito em emissoras de televisão oferece algumas reflexões.
Claro, a notória ausência do fortíssimo Cícero Almeida pode se refletir- e muito- nas urnas dos maceioenses. Até que ponto o impacto da tribuna vazia nos três debates na TV será sentido nos números – até agora- favoráveis ao chefe do Executivo na busca da reeleição? Não se sabe.
O outro ponto é o estampado clima de derrota nas atitudes, rostos e idéias- tíbias, diga-se de passagem- dos outros quatro candidatos. São propostas envelhecidas ou recicladas, vozes no deserto atemporais, tentando-se lidar com a desmoralização da ausência de Almeida, ao mesmo tempo mesclando imagens de uma cidade conhecida à exaustão pela maioria da população, gerando um incrível repúdio por eles a todo o sistema repleto de dívidas às classes massacradas todos os dias e alardeado faz tempo.
Dá-se a impressão que os candidatos, incluindo o atual chefe do Executivo, acordaram em uma bela manhã de sol e resolveram tratar de ações niilistas: destruir tudo diante de todos em alguns segundos, os da televisão, para reconstruir o mosaico, como uma oportunidade recorde de gerar subsídios políticos para o amanhã- quem sabe 2010?
Os debates não mostram diferenças. Na tribuna, os candidatos se igualam: Cícero Almeida não aparece, não está em baixa; Solange Jurema, Mário Agra, Manoel de Assis e Judson Cabral também se igualam. Incluem-se, os cinco, na própria mediocridade do sistema político brasileiro. Dá-se a impressão de uma união, na reta final, para destruir o “favorito”, o tal bem contra o mal, o modelo das eleições alagoanas atravessando as eras e facilitando-se os ajustes políticos a bel prazer, em qualquer tempo, mesmo o dos esquizofrênicos.
Depois, dança-se alguma coisa ou toma-se cerveja na esquina. Os eleitores? São detalhes.
São falas ou não falas (incluindo-se as ausências nos debates) encerrando-se em dádivas. O sistema nos fala em uma conexão lógica: “O eleitor escolhe os governantes que merece”. No cardápio político, porém, as opções têm sido poucas. Para não dizer nenhuma. São crenças em promessas irrealizáveis, a diminuição do agente público a um ser de artimanhas, de ações públicas esquecidas ou pífias, com resultados virtuais ou irreais.
Esse é o cenário herdado da falência do sistema democrático classista, sem dimensões sociais ou econômicas nas Alagoas no vigésimo ano da Constituição Federal.
Provavelmente, o “acordão” não deve ser abandonado. Se quatro cabeças podem se unir para destruir o “favorito” em 2008, porque não transformar isso em fonte de inspiração para 2010? Haverá diferenças?
E se o “favorito” quiser aliar-se para evitar o “avanço” do mal e seus retrocessos? Não caberia aí uma mudança de planos, unindo-se ele aos outros quatro?
Isso deve ser tratado como algo reversível, quando os agentes políticos estiverem mais fundamentados em uma Maceió e seus muitos problemas, sem as conversas de comadre, na janela da fofoca, em que se transformou a disputa pela Prefeitura de Maceió.

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