Bispo Filho
Bispo Filho é Administrador de Empresas e Estudante de Jornalismo.
Todas as postagens são de inteira responsabilidade do blogueiro.
Hoje em dia, fala-se muito de drogas. É moda. Nas escolas fazem campanhas educativas sobre a droga; os meios de comunicação, aqui e acolá, veiculam algum tipo de campanha ligado a elas; a cada dia a tv mostra novas apreensões de drogas e novas prisões de traficantes.
Isso tudo é muito bom.
Mas é só meio caminho andado.
A razão pela qual o jovem se droga está muito além e muito mais profundo do que este importantíssimo controle externo: está no próprio ser do jovem.
Poderíamos usar inúmeras palavras para descrever o que leva o jovem a se drogar: falta de sentido de vida, vazio, insegurança, raiva, desprezo de si, abandono dos pais, solidão, ter tido sempre tudo o que quis ao alcance da mão, influência de amigos, busca de emoções cada vez mais fortes, tédio… É tudo isto e não é nada disso.
A questão é muito mais complexa do que se imagina e envolve dezenas de fatores internos e externos ao jovem.
Há porém, três fatores externos que norteiam a mentalidade do homem de hoje e que, sem dúvida, são decisivos para a abertura às drogas:
A busca desenfreada do prazer
É regra geral, aceita por praticamente todas as pessoas hoje, que se deve buscar o prazer em intensidade e diversidade cada vez maiores. O prazer de viver, o prazer de comer, o prazer do sexo, o prazer de divertir-se, o prazer de conviver com quem nos apraz e por aí vai. Esta busca de prazer não se satisfaz com o que já experimentou, mas impele o jovem a buscar emoções e sensações cada vez mais intensas, “perigosas” , fascinantes.
Como esta é uma regra comumente aceita e até incentivada pela sociedade e pelos meios de comunicação, o jovem não vê “nada demais” nesta mentalidade e a segue sem nenhum peso na consciência. Associar esta mentalidade à oportunidade sempre presente de oferta fácil de drogas de todos os tipos “é um pulo”. Pulo este que muitos jovens, infelizmente, dão, tornando-se, como veremos, escravos de doses cada vez mais fortes dos mais diversos tipos de drogas.
A incapacidade de suportar o sofrimento
Vivemos na época que venceu a dor. Não se admite mais que alguém tolere o sofrimento físico, espiritual ou psicológico por qualquer razão que seja.
Há sempre um remédio por perto para aliviar a dor, a angústia, a depressão, o medo, a ansiedade. Mais e mais famílias recorrem aos tribunais solicitando a permissão da eutanásia “para abreviar o sofrimento” do familiar doente. Um número cada vez maior de pessoas recorre ao aborto quando o filho é indesejado “para prevenir futuros sofrimentos”. O índice de divórcios aumenta vertiginosamente a fim de “diminuir o sofrimento” das crianças e do casal.
Nossa sociedade tende a considerar lícito todo recurso para diminuir qualquer tipo de sofrimento, não importa a sua origem nem seu valor ético. O que importa é não sofrer, é diminuir ou acabar com o sofrimento, cujo alívio justifica a ingestão desde o ansiolítico até o veneno, uma vez que, para muitos, o suicídio é também um alívio lícito do sofrimento.
A mentalidade de satisfação de todos os desejos
O homem consumista de hoje tem ao alcance de sua mão a solução para praticamente todos os problemas. A técnica e a ciência fornecem a satisfação lícita da necessidade de saúde, mas também o desejo supérfluo de um visual mais adequado; a oferta de milhares de artigos comestíveis, de moda, de conveniência facilitam a vida mas, por outro lado, tornam o homem escravizado, comodista, consumista e egoísta. Os pais, por sua vez, crêem que os filhos são felizes na medida em que lhes fornecem não somente aquilo de que necessitam, mas também – e às vezes principalmente – tudo aquilo que eles sonham e desejam em suas fantasias.
É fácil ver como estas três características da mentalidade de hoje, sem citar o gosto crescente pelo erotismo, pelo “visual” da violência, pelo mórbido e sádico, criam um ambiente altamente favorável ao consumo crescente das drogas, que prometem o fim do sofrimento, o prazer ilimitado, a fantasia de satisfação de todos os desejos, especialmente o de ultrapassar os próprios limites.
Dependencia quimica e reabilitação
Quando os amigos avisam que você está se tornando dependente, você não acredita. Acha que é perseguido. Passa a desconfiar de todos. Fica agressivo à toa. Aos poucos, perde a energia, o sono, o apetite. Vai saindo da realidade e cada vez fica mais difícil voltar a ela. Começa a ver, sentir ou ouvir coisas estranhas, tem alucinações, entra em pânico. Às vezes sente bichinhos andando debaixo de sua pele e, querendo tirá-los, arranha-se todo.
Que triste! A euforia e o bem-estar do início tornam-se angústia e dor, desprazer e desânimo, e a grandiosidade se transforma na degradação de si mesmo. A morte é, agora, uma ânsia que pode acabar com o pesadelo.
Enfrentar as consequências da dependência química de um familiar ou amigo é uma situação extremamente delicada e penosa pois, no dia a dia, os sentimentos de raiva, culpa e medo tomam conta dos pensamentos.
Por isso, parte do processo de como ajudar um dependente químico envolve a busca por assistência para familiares e amigos envolvidos.
Existem, em muitas cidades, grupos que promovem encontros, físicos e on-line, com o objetivo de reunir familiares de dependentes para oferecer ajuda mútua, ensinando como agir e compartilhando tratamentos eficazes para os pacientes.
Escolher o caminho da reabilitação não é uma decisão conjunta pois, somente o dependente pode reconhecer sua dependência e optar por investir em um tratamento.
Porém, o empenho dos familiares em descobrir como ajudar o dependente químico é o combustível para que sintam-se amparados e possam utilizar todo o apoio, cuidado e confiança que lhes são oferecidos para deixar o vício e seguir em busca da recuperação.