Para Jade

Hoje não vou falar sobre qualquer tema jurídico. Resolvi escrever para minha filha Jade, que luta há 6 meses para retomar a normalidade da sua vida.

Jade vem enfrentando um momento bastante particular para recuperar os movimentos de seu pé direito, imobilizado pelas terríveis dores geradas pela distrofia simpático-reflexa, enfermidade cuja causa ainda não se conhece por inteiro e o tratamento encontra inúmeras dificuldades.

Mas você Jade tem sido uma guerreira. Se já lhe admirava, minha filha, hoje tenho muito mais razão para isso. Vejo em você hoje não a menina de pouco menos de 6 anos de idade, que sentou no meu colo a primeira vez pedindo para lhe contar uma estória infantil, mas uma mulher admirável, que luta contra a adversidade e a ela não se curva.

Daquela menina sinto muita saudade. Saudade de contar para ela a estória do “Bum Bum Muculão”, de vê-la correr livremente nos jardins, brincando e gargalhando com as amigas. Saudade, sobretudo, do primeiro dia que você me chamou de pai.

Hoje sinto a satisfação de saber que cresceu com aquela menina a capacidade de lutar e persistir diante dos obstáculos, pois essas são as principais características dos vencedores, como sempre lhe disse.

Você não imagina, minha filha, a felicidade que tive ao ver estampado no seu rosto aquele sorriso no dia seguinte à cirurgia. Andar com você, naquele dia, me tirou a tristeza de não ter acompanhado os seus primeiros passos e me devolveu a alegria de poder ver de novo, nos seus olhos, o brilho da vida.

Esses passos representam o início de uma caminhada que vai te restaurar a alegria de viver, contida que estava nesses últimos 6 meses.

Aguardo o seu retorno ansiosamente e convicto de que, ser seu pai foi um grande presente que a vida me deu.