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Poder dizer não

Ana Cláudia Laurindo- blogdeanaclaudia.zip.net
Teu fascínio de Medusa nada consegue comigo: o poder não me petrifica!
Não te quero poder.
O que mais quero é poder te dizer o quanto alcanço o que te é inalcançável na arte
De dominar, o que alcanço é amar!
Teu canto de Sereia não me subjuga: tuas mentiras não me iludem por mais encantadoras que elas se apresentem.
Não te quero poder.
Porque o que quero mesmo é poder contestar tua falácia, denunciar os teus crimes e desmoralizar tuas tradições.
Tuas violações eu as vejo, tua face cínica identifico, tua medíocre mão não me prende porque sei não te querer.
Não te quero poder.
Porque o que quero é poder me ver na face sulcada do pobre, na fala sentida das mães dos meninos feitos dejetos, no olhar sem sonhos do alcoólatra vencido pela baixa-estima, e saber que sou.
Sou irmã. Sou amiga. Sou gente.
Da tua parte o inferno é brilhante, no brilho falso do riso sem gosto, na palmatória quebrando a mão do fraco, no estalar do chicote na noite.
Não te quero poder, e quero poder dizer que a vida não cabe nas frestas sujas (de sangue) dos teus dedos. Tudo te escapa e não vês. Teu olhar é estreito.
A vida te escapa e és morte, o menino te foge e és vil. A mulher te desdenha e és tolo. Passarás e o sonho jamais te será conhecido.
Não te quero poder, porque tenho em mim o poder de viver para além das tuas sinuosas armadilhas.
Meus olhos não temem a morte que pregas, a dor que praguejas e a solidão que vomitas.
Dentro dos meus olhos mora a vida.
A vida se desdobra em sacrifícios. O Amor vence todas as partidas.
Não te quero poder para poder te recusar o jantar, o cálice envenenado e o castiçal assombrado.
Tuas noites são ensaios curtos de vaidade.
Cada novo dia te desmascara e escancara a conquista dos que aprenderam
Viver sem tuas migalhas e por isso, estão sempre podendo dizer que são.

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