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Crônicas e Agudas por Walmar Brêda

Walmar Coelho Breda Junior é formado em odontologia pela Ufal, mas também é um observador atento do cotidiano. Em 2015 lançou o livro "Crônicas e Agudas" onde pôde registrar suas impressões sobre o mundo sob um olhar bem-humorado, sagaz e original. No blog do mesmo nome é possível conferir sua verve de escritor e sua visão interessante sobre o cotidiano.

Todas as postagens são de inteira responsabilidade do blogueiro.

Postura

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Muitas vezes estou trabalhando super concentrado em algum procedimento quando, de repente, me dou conta que estou com o corpo todo contraído e mal posicionado, com a coluna torta e a postura incorreta. Então, ao me dar conta, reposiciono-me buscando a correção e o relaxamento, fazendo-me experimentar uma ótima sensação de conforto físico e até mental. Volto então a trabalhar e algum tempo depois sinto, mais uma vez, um enrijecimento muscular fruto da concentração laboral e distração postural -novamente  logo passo a respirar fundo,  pausadamente e então volto a relaxar e a me reposicionar.
Recentemente descobri que existe nome para isso e que este conceito deve também ser aplicado em diversas outras situações. Chama-se  “consciência corporal”. Isso mesmo. Ela orienta que devemos, volta e meia, trazer à luz da consciência nossa postura e a interação do nosso corpo com o ambiente ao nosso redor -equilíbrio, angulação das articulações, distribuição de peso e conforto mecânico. Engraçado como se deixarmos ao sabor do vento, acabamos mantendo posturas e contrações desconfortáveis mesmo sem percebermos. A consciência corporal plena nos faz corrigir e reposicionar tudo o  que estiver errado naquele momento.
Uma vez assimilados esses conceitos, entendi que essa ideia da  consciência corporal poderia também nos fazer compreender e buscar uma “consciência comportamental” que nos faria  eventualmente percebermos como estão nossas ações e atitudes pessoais e o impacto que elas provocam em nós mesmos e nos que nos cercam. Seria trazermos à luz da consciência como estamos agindo  em nossas relações familiares, pessoais, sociais, financeiras e profissionais. Quando deixamos ao sabor do vento, muitas vezes não nos damos conta de quão nocivos podemos estar sendo em diversas situações, até mesmo sem perceber. Então, uma vez conscientes, corrigimos uns rancores aqui, aumentamos um carinho ali, moderamos umas palavras acolá, resistimos a umas tentações cá e passamos a dar mais atenção a o que e a quem realmente merece. São atitudes conscientes e necessárias para se criar uma harmonia social e espiritual -por que não?
Uma vez conscientes de ranços, invejas, raivas, preguiças, afastamentos, indiscrições, grosserias e excessos de toda ordem aos quais somos muitas vezes subjugados, poderemos agir no ponto exato, enquanto ainda é tempo.
Enquanto trabalhamos, as horas passam voando e não nos atentamos à postura incorreta e o corpo todo contraído. Quando vivemos é a mesma coisa; corremos tanto que não nos damos conta de como estamos nos relacionando com o mundo -por isso parece-me interessante eventuais paradas para ativarmos nossa consciência comportamental. No fim das contas percebi que ambas têm o mesmíssimo propósito: estarmos atentos para corrigirmos nossas posturas. Todas elas.

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