Luis Vilar
Todas as postagens são de inteira responsabilidade do blogueiro.
Ainda não é confirmado oficialmente. No entanto, circula nos bastidores políticos a informação de que o delegado da Polícia Federal, Janderlyer Gomes, vai – de fato – viajar para a cidade de Recife, onde fica a sede do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, para pedir a prisão preventiva dos deputados estaduais afastados. O motivo: o grupo – liderado pelo presidente afastado Antônio Albuquerque (sem partido) – ainda teria gerência sobre as ações da Mesa Diretora, influenciando as decisões do presidente interino Fernando Toledo (PSDB).
Toledo – que já depôs na Polícia Federal, falou sobre o assunto, negou a influência, mas não convenceu ao delegado – também pode vir a responder por improbidade administrativa, por conta dos pagamentos de verbas de gabinete aos parlamentares afastados. Além dele, a PF responsabiliza também o deputado estadual Alberto Sextafeira (PSB), que já presidiu a Assembléia Legislativa e ao “todo poderoso” Antônio Albuquerque.
A ação de improbidade depende de um pedido do Ministério Público Estadual, com base nas informações da Polícia Federal. Pode ser mais informação para substanciar um pedido de cassação contra os “homens” que ditaram os destinos de Alagoas, inclusive pagando até prêmio de campeonato de futebol. O dinheiro da Assembléia Legislativa serviu para quase tudo, menos para o seu real propósito nos últimos anos. Seja na presidência de Albuquerque ou na do ex-deputado estadual Celso Luiz (PMN).
Em um retrospecto breve, basta lembrar a situação dos servidores – aqueles que de fato trabalham no Legislativo – que amargam uma década silenciosa, sem direito a aumento e representado por chefes de sindicato que sempre estiveram na palma das mãos dos deputados estaduais. A única greve nesta história pode ter sido orquestrada – segundo informações de bastidores políticos – pelo deputado estadual Antônio Albuquerque.
Mas, retornando aos deputados estaduais afastados: eles podem ser presos com base no entendimento do “crime continuado”, caso a Justiça tenha o mesmo entendimento do delegado federal Janderlyer Gomes, que já se encontra em vias de finalizar o inquérito da Operação Taturana e encaminhá-lo para o Poder Judiciário.
Possibilidades do retorno dos R$ 280 milhões para os cofres públicos? Remotas. Eles se transformaram em apartamentos em nome de laranjas, mimos para amantes, prêmios de futebol, munição de campanha eleitoral, financiamento para o crime organizado, dentre outros gastos para manter a estrutura estratosférica dos parlamentares alagoanos: senhores da Razão, do Tempo e da Verdade que rondava pela Terra dos Marechais, conforme relatório da Polícia Federal.
Para o Legislativo viver um novo tempo, ainda falta muito. Porém, o fim da ingerência e uma Mesa Diretora independente não deve ser um horizonte perdido de vista. Pelo menos isto.
Lembro-me da primeira entrevista do suplente Jefferson Morares. Ele foi profético: “não há influência dos deputados afastados. O que há é uma relação de mando mesmo”. Se o homem está lá dentro e enxerga isto, o que discutir? A Polícia Federal também poderia ouvir os suplentes só para constar a forma como eles estão sendo tratados. O advogado deles – José Costa – teve que pedir garantias de que eles poderão exercer suas funções de deputados estaduais ainda que interinamente. Pedir garantias? Ora, o que ameaça esta garantia?
Recordemos os fatos: a Mesa Diretora – depois de muita discussão e ausências de deputados em plenário – foi eleita por cargos, favorecendo Antônio Albuquerque, que deseja tanto a presidência; a greve mal explicada dos servidores; a demora para os suplentes assumirem; a forma como os suplentes foram tratados; dentro outros fatos. Dizer que não há influência? Como explicar isto tudo então…