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Um dia, as correntes simbolizavam a não-liberdade, a sanha do sistema opressor dos escravos arrastados ao Brasil. Na favela Sururu de Capote, que ainda existe à beira da lagoa Mundaú, as correntes significam a morte adiada, o viver mais um dia. Crianças e jovens entre 12 e 20 anos estão com os pés amarrados em pés de mesa ou carros de mão. Se a atitude é extrema? Viciadas em crack- e sem tratamento do poder público- as mães escolheram o extremo. Signifique o que significar.
A Sururu de Capote tem 1.800 famílias. A própria filha da liderança da favela, Vânia Teixeira, tem a história do lugar estampada na sua vida: hoje, com 15 anos, tem um filho de 4 meses, foi prostituta, e teve os pés amarrados na correntes dentro de casa. Era viciada em crack. O risco existe, de retorno ao vício.
A 500 metros dali, está a Assembleia Legislativa e uma discussão sobre a violência. Não o diálogo para o resgate das famílias da Sururu de Capote. As correntes dali são outras. Elas querem manter o vício do coronelato. Deputados são citados em assassinato, em roubos de grande porte, em crimes de repercussão. Integrantes da polícia- a banda podre- unida a bancada da pistolagem querem alterar as regras do jogo, manter a opressão da morte, como fazem em seus currais eleitorais, tão miseráveis quanto a Sururu.
O assalto a Caixa Econômica tem um deputado citado; a banda podre da polícia aparece atirando em um policial transformado em herói pelas circunstâncias. Terríveis circunstâncias.
Alguns deputados representam a violência. A da arma e do sarcasmo no uso do dinheiro público. Os carros de luxo são a transparência da Casa de Tavares Bastos. O prédio coberto de rachaduras é o alterego do desgaste. O extremo do horror destas correntes que, com dificuldade, vão sendo serradas.

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