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Luis Vilar

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Quase um gol de placa

Financiar prêmio do Campeonato Alagoano com dinheiro da Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas? Um gol de placa feito pelo nosso brilhante time do parlamento. Os deputados estaduais devem agora gritar de fora da “área técnica”: “Eu não sei de nada, sequer vi o jogo”!

Bem, o que os supostos atletas desta formação muito bem organizada e propensa ao ataque – principalmente quando no campo adversário está o cofre público – não contavam é que havia um “quarto árbitro em campo” muito atento a súmula do jogo: a Polícia Federal. Pedra sobre pedra vai caindo e assim vão surgindo cópias de cheques, gravações, autorizações e outros indícios fortes do tráfico de influência do Legislativo.

Como na Casa Tavares Bastos não há ponto sem nó, fica uma pergunta: o que se ganhava financiando o Campeonato Alagoano? Não é por acaso que a relação entre os parlamentares e alguns clubes da capital e do interior sempre foram siamesas. Ou melhor, no estilo “Bebeto e Romário”: Um toca e o outro só empurra para dentro.

Sempre sem impedimento, sempre na banheira. Era só abrir o bandeirão, que ninguém nunca desconfiaria dos resultados. Os corruptores, vestidos com camisas de cores fortes, sejam listradas na horizontal ou na vertical, nunca trocariam os uniformes com emblemas, por fotografias 3×4 na ficha do sistema prisional do Governo do Estado de Alagoas.

Quanto mais se aprofundam as investigações da Polícia Federal, mas se nota que o gênesis da crise institucional em que se encontra a Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas – ou seja, a Operação Taturana – foi só a ponta de um iceberg.

Ao derreter o gelo do cinismo, das ironias, do autoritarismo e da impunidade, surgem – à luz da razão – as veias abertas, como diria Eduardo Galeano, de uma Alagoas que acontecia nos bastidores, ou – para utilizar uma metáfora que lembra os últimos acontecimentos – “nos vestiários”.

Que mais falta? Os grupos de extermínio? Financiamento de quermesses? As telhas e tijolos que renderam votos a quase todos os parlamentares? O tráfico de influência com os demais poderes “harmônicos e independentes”? A harmonia neste caso é o “rabo preso”. E o silêncio não é paz, mas medo! O inquérito nem chegou ao fim e já mostra claramente como o parlamento alagoano foi – e continua sendo – o cerne de inúmeras angustias de um povo sofrido, sem educação, miserável e explorado; que assiste – condenado à passividade – o sangue alheio espirrar-lhe na cara.

Como dar um passo à frente? Como fazer a assepsia moral necessária para os dias vindouros? Em quem acreditar? Como fazer a omelete sem quebrar os ovos?!

Distante de tudo isto e encastelados, há os que brindam – com copos cheios de uísque – à crise no Legislativo, já pensando em surripiar os lugares daqueles que – devido à mácula deixada pela Operação Taturana – correm o risco de não se reelegerem. Brindam e já ensaiam o tom paladino da Justiça, mesmo sabendo que são “farinhas do mesmo saco!”. Em Alagoas, o luxo é o furto ostentado. Será assim ainda por um bom tempo…

Porém, enquanto os ratos se aglutinam desesperados, suplicando perdão ao profanarem em vão o nome da inocência; não poderão impedir o vazamento aberto na represa, que um dia romperá e vai lavar nossas já tão exploradas almas. Continuo a escrever, porque continuo a acreditar que a verdade, diante de tanta informação, venha à luz.

E assim, seja separado o joio do trigo. E aquilo que não for trigo, que ocupe o devido lugar…

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