Luis Vilar
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Esperar que a Assembléia Legislativa de Alagoas julgue com isenção os pedidos de quebra de decoro parlamentar apresentado pelo Ministério Público de Alagoas, é o mesmo que esperar que os ratos – reunidos em convenção deliberativa – votem a favor das ratoeiras.
Quebra de decoro?! É algo que se comete sempre em Alagoas, desde que a Assembléia Legislativa é Assembléia Legislativa. Basta rememorar um recente passado, onde parlamentares trocaram tiros dentro do parlamento. Quer maior quebra de decoro que isto?
Nosso passado açucarado é uma quebra de decoro só, que passa por dentro do Legislativo. Já perceberam que o enfraquecimento do Poder Legislativo, por conta das denúncias saídas dos bueiros da ditadura plutocrática alagoana, significou – e não é coincidentemente – o fortalecimento de setores do Judiciário e do Ministério Público. É que se dissipam as nuvens do “tráfico de influência”.
Pessoas vão recuperando a voz…Um bom exemplo disto é que no último ato realizado pelo Ministério Público já apareceram figuras do Executivo, tanto municipal, quanto estadual!
Enquanto isto, no mundo entre muros encantado do Legislativo, segue uma Mesa Diretora manca que não puxa novas eleições, porque se espera até a última gota de sangue! Estranho, nesta novela – onde sabemos bem que são os antagonistas – foi o papel que coube ao deputado estadual e presidente interino Alberto Sextafeira (PSB).
Sextafeira é fruto das esquerdas e já se beneficiou inclusive de alianças com o PT e sempre teve – de certa forma – respaldo por se demonstrar tão umbilicalmente ligado aos anseios populares, ao menos em seus pronunciamentos. E agora? Será que cabe mesmo a Sextafeira a função de Sancho Pança do fiel Dom Quixote de Albuquerque?
Não se cobra do deputado um prejulgamento de seus pares. Até porque, em nossa legislação todos são inocentes até que se prove o contrário. No entanto, o parlamento precisa andar. Até mesmo para reconduzir projetos e afastar a crise de forma coerente, séria e com medidas que não sejam inócuas. Cabe, quer queira ou não, ao parlamentar Alberto Sextafeira fazer isto, já que se encontra na presidência de forma interina.
Com o passar do tempo, se de fato os deputados forem inocentes, que Albuquerque volte com toda a “pompa e circunstância” que lhe é cabida. O tempo – senhor da razão – trará as respostas adequadas, ainda mais agora, quando a Operação Taturana, deflagrou um processo irreversível. É só esperar. Para os sob suspeitas, é só esperar “um pouquinho” mais afastados.
O procurador-geral de Justiça, Coaracy Fonseca, questionou a morosidade nas eleições da nova Mesa Diretora e agora encaminhou pedido de quebra de decoro parlamentar. O pedido foi protocolado ontem e entregue ao deputado estadual Paulo Fernando dos Santos, o Paulão (PT).
Agora, o pedido cai no mar do corporativismo? O superintendente da Polícia Federal, José Pinto de Luna, coloca que quebra de decoro parlamentar é o mínimo para pelo menos um dos deputados que a coronhadas resolveu proteger a natureza e preservar o gato energético de sua residência…
Chega de quebra de decoro parlamentar em Alagoas! Chega da ostentação da plutocracia! Que venha um novo tempo, respeitando o direito do contraditório – pois estamos em uma democracia – mas sem desprezar também uma regra básica do Direito: “contra fatos, não há argumentos”.