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Crônicas e Agudas por Walmar Brêda

Walmar Coelho Breda Junior é formado em odontologia pela Ufal, mas também é um observador atento do cotidiano. Em 2015 lançou o livro "Crônicas e Agudas" onde pôde registrar suas impressões sobre o mundo sob um olhar bem-humorado, sagaz e original. No blog do mesmo nome é possível conferir sua verve de escritor e sua visão interessante sobre o cotidiano.

Todas as postagens são de inteira responsabilidade do blogueiro.

Senhor Marco


Senhor Marco dos Corais

Este ano  foi finalmente entregue aos maceioenses a tão aguardada solução para a ruína do antigo clube Alagoinhas, que jazia inerte em estado de putrefação no pedaço mais icônico da belíssima orla da Praia de Ponta Verde.
Há alguns meses, o Governo  do Estado inicialmente entregou uma pracinha meia boca  após inúmeros projetos apresentados —dos mais faraônicos aos mais prosaicos — mas que causaram enorme expectativa e decepção entre todos moradores de Maceió.
Numa manobra marota e até hoje mal explicada, fechou-se novamente a tal pracinha  para reabri-la finalmente após alguns meses de obra. Aqui começo a minha  justíssima rasgação de seda — que bonito e elegante que ficou!
  Não sou um apoiador do ex-quase-atual-governador, muito pelo contrário, mas é inegável que do ponto de vista estritamente arquitetônico e urbanístico, o chamado Marco dos Corais ficou uma maravilha. Fosse eu analisar apenas o resultado estético e funcional , posso me atrever afirmar que o governador tem muito mais bom gosto que o nosso espetaculoso prefeito, com suas obras bem intencionadas, porém kitschs e até  breguinhas em suas apresentações . Outra virtude é que,  enquanto as figurinhas “instagramáveis” municipais espalhadas pela orla foram feitas para o turista ver e fotografar, o Marco dos Corais foi feito para o maceioense da gema aproveitar e curtir, como mais um belo espaço a compor  a sua já bem  utilizada orla.
 Aproveito aqui para parabenizar os responsáveis pela execução de tal obra, os que a projetaram e também o senhor Marco que catava corais e que foi merecidamente homenageado.
Pois bem, ontem estive mais uma vez visitando o belíssimo espaço público durante a noite e pude contemplar de forma mais atenta e desapressada os detalhes e sensações do local.  Tudo obedece um padrão refinado, mas sem exagero. Há um bom gosto na decoração e iluminação, todos em harmonia com o cenário natural deslumbrante —este sim o verdadeiro protagonista.
Caminhei mar adentro vendo a euforia e encantamento das várias pessoas que ali estavam, sem esconder meu próprio entusiasmo com aquele momento, até de repente, ter sido atraído por mais uma belíssima cena. Ao virar-me para trás, pude olhar a nossa orla urbana sob uma perspectiva raramente vista — os prédios, coqueiros, as pessoas , os carros e as milhões de luzes,  compunham  um cenário deslumbrante, mostrando que o Marco dos Corais era mais que um espaço  público elegante, mas também um mirante chic para  podermos contemplar a encantadora beleza da nossa Praia de Ponta Verde —sobretudo com o mar escuro naquela noite sem lua.
Se fosse comparar, seria como o astronauta que preparou-se para um período na estação espacial internacional,  ISS,  a fim de explorar e encantar-se com o espaço sideral ao seu redor, mas que acabou sendo atraído por nosso planeta azul e por ele caiu de amores, ficando maravilhado pela imagem deslumbrante da Terra vista de  uma  perspectiva rara de se ver.
O espaço ficara em segundo plano, assim como a própria ISS, o Marco dos Corais, o escuro espaço e o mar idem, ao  percebemos —eu e o astronauta— que o que verdadeiramente nos atrai e encanta é o belíssimo espetáculo da vida.

 

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