No início dos anos 2000 quando a internet ainda engatinhava no nosso dia a dia, os compartilhamentos de documentos, links, fotos e vídeos eram feitos via e-mail. Dentre eles, havia o costume de compartilhar e-mails com fotos e vídeos de mulheres cujos ex-namorados haviam traído absurdamente a confiança das moças e espalhado pelo mundo imagens...
No início dos anos 2000 quando a internet ainda engatinhava no nosso dia a dia, os compartilhamentos de documentos, links, fotos e vídeos eram feitos via e-mail. Dentre eles, havia o costume de compartilhar e-mails com fotos e vídeos de mulheres cujos ex-namorados haviam traído absurdamente a confiança das moças e espalhado pelo mundo imagens íntimas que receberam quando estavam juntos. Geralmente o e-mail vinha com o título abjeto de “Mais uma que confiou no namorado”.
Outra atrocidade que achávamos comum à época, eram e-mails com o título “Mais uma que perdeu a câmera”, com fotos íntimas de mulheres —às vezes meninas— que tiveram o azar de perder a câmera digital e que acabou sendo encontrada, para a sua infelicidade, por um canalha que divulgou todas as imagens internet afora , totalmente indiferente ao fato de quem estava ali era uma filha, uma irmã, uma estudante, uma vizinha… —tanto que não foram poucos os casos de suicídios de jovens destroçadas pela vergonha pública e familiar.
O fato é que levou um tempo para que se percebesse que quando compartilhava-se esses emails, estavam sendo exatamente iguais aos primeiros cafajestes que os divulgaram inicialmente. Até então não se atentava para a gravidade e responsabilidade de tal ação imoral e asquerosa e tinha-se aquilo como parte da paisagem, no show de horrores que a internet muitas vezes pode tornar-se.
Pois bem, muita gente condena o ministro do Supremo Edson Fachin pela soltura conveniente e imoral do ex-presidente e ex-presidiário Lula da Silva, tornando-o numa canetada absurda, apto legalmente para concorrer a qualquer cargo público. Muito já foi discutido por tal decisão judicial e não cabe aqui esmiuçar a moralidade e legalidade desta virada de mesa, orquestrada pela trama de interesses que deseja que o petista volte à presidência.
Porém, é importante lembrar e afirmar que Fachin nada mais é que o ex-namorado traidor que espalhou fotos íntimas da sua ex, ou o canalha que encontrou a câmera perdida com fotos íntimas de alguém e espalhou de forma vil e inconsequente tais imagens. Ele foi apenas o responsável inicial pela soltura e elegibilidade do ex-presidiário; mas tão culpado quanto ele, são os milhões de eleitores que pretendem reconduzi-lo à presidência.
Lula solto e candidatíssimo por uma manobra jurídica marota, poderia ser apenas mais um exemplo escabroso de como os políticos conseguem se safar limpinhos dos diversos crimes que cometem na vida pública —assim como uma câmera recheada de fotos de mulheres em momentos íntimos , não traria grandes consequências às próprias caso fosse encontrada por alguém minimamente decente.
Então um único Fachin não torna um corrupto presidente , assim como um único canalha divulgador de imagens íntimas não acaba com a reputação alheia, se não houvesse uma sequência de outros canalhas —ou um bando de cúmplices travestidos de eleitores conscientes.
WB
