Milhões de anos de evolução tornaram-nos assoberbados. Nós, seres humanos, não aceitamos outro papel no mundo que não o de donos do pedaço -culpa da nossa inteligência que nos levou além das fronteiras do planeta e nos fez criar maravilhas tecnológicas e artísticas. Então temos dificuldade em aceitar que, sob determinadas perspectivas, somos apenas um...
Milhões de anos de evolução tornaram-nos assoberbados. Nós, seres humanos, não aceitamos outro papel no mundo que não o de donos do pedaço -culpa da nossa inteligência que nos levou além das fronteiras do planeta e nos fez criar maravilhas tecnológicas e artísticas.
Então temos dificuldade em aceitar que, sob determinadas perspectivas, somos apenas um vetor. Sim, para quem não sabe, vetor é todo ser vivo capaz de transmitir um agente infectante de maneira ativa ou passiva -e no momento este está sendo um dos nossos melhores papéis. Um vírus, que muitos nem consideram um ser vivo, usa-nos como um Uber biológico para multiplicar-se e espalhar-se em outros hospedeiros/vetores, deixando-nos atônitos e assustados.
Se nosso corpo é capaz de permitir a entrada de um perigoso invasor, imperceptível aos nossos olhos, e depois o carregamos conosco para invadir o corpo de quem amamos, então ainda não entendemos o perigo que nosso papel de vetor representa. Fingimos, na maioria do tempo, sermos maiores que essa ameaça invisível e nossos compromissos e conquistas idem. Então o COVID-19 que não tem nada com isso, agradece e segue fazendo o seu papel na natureza: multiplicar-se e ganhar terreno nessa batalha natural e, porque não dizer, didática também.
Então fica combinado assim: assumamos o nosso papel de vetores de vírus, bactérias e outros parasitas e revejamos nossos hábitos, costumes e valores. Termos essa consciência, não nos diminui como seres humanos e ainda nos municia para outras eventuais batalhas invisíveis que ainda travaremos, enquanto vivos estivermos nesse diversificado planeta azul.