Podemos dividir a vida em três fases: A primeira do 0 aos 30 anos, a segunda dos 30 aos 60 e a terceira dos 60 em diante. A primeira é a mais marcante, a segunda a mais entediante e a terceira geralmente a mais curta… Encontro-me atualmente na segunda, e em meio a todo esse...
Podemos dividir a vida em três fases:
A primeira do 0 aos 30 anos, a segunda dos 30 aos 60 e a terceira dos 60 em diante.
A primeira é a mais marcante, a segunda a mais entediante e a terceira geralmente a mais curta…
Encontro-me atualmente na segunda, e em meio a todo esse tédio, estou sendo bombardeado constantemente por informações e conhecimentos sobre o cotidiano, o ser humano, o mundo ao nosso redor, passado-presente-futuro, religiosidade, tecnologia, cultura, entretenimento, criação de filhos, criação de nós mesmos, gestão financeira, política, fofoca, saúde física e mental, autoajuda, ética , relações afetivas, (ufa) e mais uma penca de verdades absolutas e mentiras relativas que previsivelmente vem deixando mundo cada vez mais ansioso.
Por consequência, venho sentindo uma urgência crescente dentro de mim em conhecer lugares e experiências que ainda me faltam. Percebo o estreitamento de perspectivas e a diminuição do banco de anos que até pouco tempo parecia-me infinito.
Estar na segunda fase provoca uma sensação de urgência preguiçosa, que gera um conflito entre o “corre para fazer” e o “deixa quieto que já foi…”.
É uma constante ponderação sobre os tantos conflitos que povoam nossos pensamentos e ações diariamente —sobretudo quando deparamo-nos com providenciais e inesperados gatilhos, que vão da visão pela janela do carro de um belíssimo dia de sol na beira do mar, à descoberta de uma doença gravíssima em alguém próximo — ou mesmo da simples percepção da passagem célere do tempo, à ressignificação repentina do que realmente é importante nessa vida.
O fato é que essas três fases nos tornam três pessoas diferentes em uma só —mesmo que os que nos são próximos muitas vezes nem percebam. Contudo, nós mesmos sabemos das nossas transformações lentas ou abruptas – e muitas vezes só nos damos conta tempos depois.
São três fases distintas que compõem uma só vida, com tudo que couber dentro dela. Vele, portanto, salientar a importância de estar na segunda, pois é a única que conecta-se às demais —é a que segura de mãos dadas as suas duas versões: você jovem e você velho; e também a que as espia numa perspectiva privilegiada; sendo uma recordada e a outra apenas imaginada.
Portanto, embora entediante, considero a segunda fase seguramente a que melhor nos representa como indivíduo; não só por ser a que seremos mais lembrados em nossa aparência, mas também porque é nela que colhemos, nos servimos e por fim, plantamos novamente —mas desta vez bem mais sábios e produtivos.