Usuário Legado
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Um dos testes mais expressivos do Governo será a rodada de negociações com os servidores públicos- à beira de uma greve geral. Não existe uma eleição no meio do caminho, excluem-se teses conspiratórias; a alternativa da Lei de Responsabilidade Fiscal- que seguraria o efeito cascata de mais dinheiro aos servidores públicos- virou também um atalho fictício: o Executivo cria secretarias, funciona através de cargos comissinados, tem dois candidatos a prefeito para o próximo anoem Maceió e sustenta um grupo que, se quiser, pode governar Alagoas por mais de uma década, com herdeiros.
Mais que esbravejar ou esguelar-se, quando os próprios gastos dos gabinetes vêm à tona na imprensa, o Executivo deverá enfrentar a dura tarefa de sair do palanque. Os professores são os representantes do Governo, em comunidades dominadas pela violência; os policiais- mesmo os da banda podre- também representam o mesmo Governo, nas delegacias em estado de decadência; e os médicos, representam também o Estado na maior unidade pública do SUS em Alagoas, o Hospital Geral do Estado- com conhecidos e velhos problemas.
O quê diferencia o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) e o vice, José Thomáz Nonô (DEM)? Ambos foram representantes do Estado em Brasília por mais de vinte anos. Ambos sabem que o maior problema- apontado pelos técnicos- na máquina- o pagamento da dívida pública- não será resolvido a médio prazo (isso condena Alagoas a 30 anos no desembolso de juros a União de sucessivos empréstimos fracassados ou duvidosamente aplicados).
Ambos representam um setor produtivo- o da cana de açúcar, pilar da economia do Estado. E ambos têm larga experiência na gestão pública. Vilela, cinco anos governador; Nonô, ex-secretário da Fazenda.
Portanto, sabem que a crise em Alagoas é um bordão antigo. Poderia virar emblema do Guerreiro. Porque as ideias sebastianas na gestão deste modelo não são exatamente uma novidade. A instalação da antiga Salgema (ajudaria a tirar Alagoas do atraso na década de 70) e o estaleiro (a mais nova promessa de redenção) fazem parte do imaginário popular ou do mantra governamental, modismo tucano.
Por isso, o Governo pode inovar nestas negociações e abrir seus números: os gastos dos gabinetes, os cargos comissionados, as verbas emergenciais para a Assembleia Legislativa, as secretarias. E cortar na própria carne.
Ou pode seguir o receituário de 2007: atabalhoar-se diante dos servidores, sentados na mesa encerada com óleo de peroba, no Palácio Floriano Peixoto.