Um mausoléu para um deus

Em fim de Governo, o prefeito Cícero Almeida (PP) tenta pomover alterações entre os integrantes da administração. Chama a atenção é que os escolhidos não aceitam mais participar do banquete público.
Em seis anos, Almeida enfrenta uma persistente solidão política- motivada pela forma de gerir a máquina. A bancada dele na Câmara de Vereadores é desagregada, sabe que a liderança maior do município não tem um sucessor natural para 2012.
Nas ruas, não existe mais uma ação espetacular do prefeito, outrora chamado de "forrozeiro". A licitação para os transportes urbanos- uma promessa de campanha- custa a sair do papel; o aterro sanitário deixou de aparecer nas propagandas institucionais.
O trânsito piora a cada dia. E, se entre os taxistas existia uma defesa fervorosa- ao lembrar da origem do prefeito- prevalece aquele silêncio de quem sabe que a festa acabou.
O gabinete passou a ser o asilo político do homem com maior votação no Brasil, entre as capitais dos estados.
A corrupção na gestão do lixo virou tema na administração pública, atingindo o prefeito que no primeiro mandato expulsava secretários apontados, por ele mesmo, como "falsos amigos". Um sincero termo para "corruptos".
Os senadores Fernando Collor (PTB), Renan Calheiros (PMDB) e o deputado federal João Lyra (PTB) sabem do crepúsculo de Almeida. Para assistir ao fim de um deus, não precisam ir a Bayreuth ver o ocaso dos personagens de Wagner.
Bastam esperar 2012 ou perceber que o apoio de Almeida ao governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) valeu a Secretaria do Meio Ambiente. Na barganha política, custou alguns centavos.
E a última ação política é o fim do carnaval na praça Moleque Namorador- resultado da rixa entre ele e o deputado Marcos Barbosa (PPS).
Quais os próximos passos do prefeito Cícero Almeida? Isolado, espera apenas o fim de um segundo mandato sem a tão espetacular carreira que marcou um homem, ao assumir a prefeitura em primeiro de janeiro de 2004.
O sol se põe em 31 de dezembro de 2012.