Usuário Legado
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Quase dois meses após a entrevista do deputado Cícero Ferro (PMN) à rádio Gazeta, a reação veio não só do Tribunal de Justiça, mas também do Governo do Estado e dos poderes federais. Não por acaso esta reação acontece desde a sexta-feira, com a visita do presidente do STF, Gilmar Mendes.
Da parte do Governo, a ação é tímida, mesmo porque a Assembleia vai ajudar o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) nas eleições do ano que vem. Porém, no mesmo dia em que o diretor Geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Correia, esteve em Alagoas para decretar o segundo marco zero nas investigações da PF no Estado (as operações terão mais qualidade no recolhimento de provas e menos alarde- o perfil do novo superintendente, Amaro Vieira, mostra isso), entidades federais assinam, no Palácio República dos Palmares, com tapetes ainda freqüentados pelos inquilinos da Casa de Tavares Bastos, um manifesto de combate à corrupção.
Não é uma iniciativa nem do governo nem do governador. É sim um clamor contra o fim da era de sangue misturada ao caldeirão dos desvios públicos de ética e de dinheiro. O sangue e a corrupção andam juntas e como a Assembleia é mesmo o “metro quadrado mais caro de Alagoas”, como disse a presidente do TJ, Elisabeth Carvalho do Nascimento, não por acaso virou a referência de corrupção e de sangue em um dos estados mais pobres do Brasil.
Há pouco tempo, corrupção era sinônimo de desconfiança ao servidor público. O mais pobre dos servidores. Vejam-se as medidas em todo o início de governo. Cortam-se os gastos na máquina, não os da própria pele. E a pele da Assembleia recebe mais dinheiro do que deveria, diz o Tribunal de Contas do Estado.
Há pouco tempo também, pistoleiro era substantivo- quase adjetivo- aos moradores da periferia. Os pobres é quem eram violentos. Na Assembleia que protege os criminosos de mando por decreto, as regras carregam suas alterações. E as exceções, antes reservadas a Casa de Tavares Bastos, se transformam em condutas a serem banidas pela força da pressão das entidades representativas da sociedade.
Assim, o dinheiro dos impostos virou um patrocínio público aos crimes de mando. E não por acaso também a presidente do TJ declarou ao blog hoje, no lançamento da semana de conciliação, que se preocupa com a votação do ano que vem: “Seria cômico, senão fosse trágico. Tivemos o Exército nas eleições. Agora, parece que teremos as três forças armadas”.
Nada parece coincidência. Mas, após a entrevista de Cícero Ferro, mostra-se também uma reação, ainda tímida, dos que cansaram da era dos pistoleiros, togados pelo Estado.