Luis Vilar
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Foi com enorme surpresa que recebi a informação de que O Teatro Mágico viria para Maceió. Em inúmeras conversas, por telefone e via e-mail, cobrava a vinda deles à assessora da banda e minha grande amiga Maíra Viana. É de suma importância que o Teatro Gustavo Leite esteja lotado para tal evento. O Teatro Mágico – título que nos remete a obra brilhante de Hermann Hesse: O Lobo da Estepe – é mais que um alivio, mas sim o sinônimo da força e esperança que nos dá a sentença nietzscheneana: “a arte existe para que a verdade não nos destrua”.
Na atual conjuntura das travessuras políticas, da roubalheira solta, da violência e da apatia generalizada que vivenciamos em Alagoas, quem puder ir ao Teatro Mágico, no dia 29 de fevereiro, vai ater a oportunidade de – por algumas horas – estar em um oásis em forma de sarau, com propagação de luz, inteligência, boas letras, canções e tudo aquilo que deve conter em um espetáculo artístico.
Conheço do trabalho de Fernando Anitelli há muito tempo, mas pelo distanciamento geográfico entre os locais onde moro e os lugares onde acontecem os shows, nunca pude presenciar o espetáculo. Confesso que estou ansioso pelo dia 29 de fevereiro. Por isto, faço o convite aberto para os meus leitores comparecerem por lá. Garanto: não vão se arrepender. Aliás, vão retornar as suas casas mais cheios de vida, poesia e ritmo. E não fiquem só nisto. Depois do espetáculo, passem a ler Hesse também. Comecem por Sidarta, depois passem ao Lobo da Estepe e ao Jogo das Contas de Vidro.
Como coloca o próprio Anitelli, no release oficial da banda, o Teatro Mágico é um sarau onde tudo pode acontecer. É uma abertura, uma fresta onde “só os mais raros” se atrevem a colocar o olho e enxergar poesia em meio ao nosso atual deserto de idéias, ou de perspectivas sórdidas. Antes que a barbárie nos robotize, que venham os inúmeros Teatros Mágicos. Fundindo o popular com o erudito, o charme dos clássicos das letras com os mais populares versos do trovadorismo.
Um espetáculo que encanta, que não traz a magia só no nome. Para não perder tanto tempo falando o que não cabe em palavras, apresento a quem não conhece uma das letras que mais gosto do Teatro Mágico, que se chama “…de ontem em diante”:
De ontem em diante serei o que sou no instante agora
Onde ontem, hoje e amanhã são a mesma coisa
Sem a idéia ilusória de que o dia, a noite e a madrugada ]
[ são coisas distintas
Separadas pelo canto de um galo velho
Eu apóstolo contigo que não sabes do evangelho
Do versículo e da profecia
Quem surgiu primeiro? o antes, o outrora, a noite ou o dia?
Minha vida inteira é meu dia inteiro
Meus dilúvios imaginários ainda faço no chuveiro!
Minha mochila de lanches?
É minha marmita requentada em banho Maria!
Minha mamadeira de leite em pó
É cerveja gelada na padaria
Meu banho no tanque?
É lavar carro com mangueira
E se antes um pedaço de maçã
Hoje quero a fruta inteira
E da fruta tiro a polpa… da puta tiro a roupa
Da luta não me retiro
Me atiro do alto e que me atirem no peito
Da luta não me retiro…
Todo dia de manhã é nostalgia das besteiras que fizemos ontem