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Crônicas e Agudas por Walmar Brêda

Walmar Coelho Breda Junior é formado em odontologia pela Ufal, mas também é um observador atento do cotidiano. Em 2015 lançou o livro "Crônicas e Agudas" onde pôde registrar suas impressões sobre o mundo sob um olhar bem-humorado, sagaz e original. No blog do mesmo nome é possível conferir sua verve de escritor e sua visão interessante sobre o cotidiano.

Todas as postagens são de inteira responsabilidade do blogueiro.

Variante

Passados quase dois anos do início da pandemia provocada pelo novo coronavírus, ainda vivemos sob ameaça latente sobretudo com as novas variantes que continuam a assombrar  a sobrevivência de nós, seres humanos. Para aqueles que buscam um sentido em tudo ou sentem a necessidade de encontrar explicação mística, religiosa ou filosófica para o que nos cerca e nos intriga, aqui vai uma humilde constatação: Desde que o mundo é mundo que os seres vivos buscam sempre duas coisas: sobreviver e reproduzir —ganhar dinheiro e ficar famoso é algo apenas dos seres humanos e só recentemente ganhou ainda mais relevância.

Como bem disse o personagem de Jeff Goldblum em Parque dos Dinossauros, “a natureza sempre encontra uma maneira”. Pois é, cada ser vivo utiliza as armas que tem —um vírus é o que há de mais simples na natureza, tanto que muitos nem o considera um ser vivo— porém, tem uma capacidade enorme de promover mutações genéticas que lhes garantem sua sobrevivência e reprodução.  As novas variantes que pululam nos noticiários de tempos em tempos são a prova disso. Seres humanos munidos de anticorpos eficazes em aniquilar os minúsculos bichinhos, exigem  uma geração de vírus resistentes para que eles continuem fazendo o que fazem de melhor: infectar células humanas para depois chamar de suas.
Já o bicho homem com toda sua complexidade biológica e mania de grandeza divina, utiliza seu enorme arsenal capitaneado pela principal ferramenta: a inteligência. A humanidade assustada com a tragédia sanitária e econômica causadas pelo novo Coronavirus, colocou seus melhores cérebros e suas maiores fortunas para enfrentar essa batalha invisível, buscando  fortalecer-nos biologicamente para que possamos seguir fazendo o que sempre desejamos: sobreviver e reproduzir —de preferência numa cobertura à beira mar, mas isso é uma outra história.
Então no momento estamos assim: a eterna luta do gato contra o rato, onde não sabemos bem qual dos dois somos nós. Mas, a natureza sempre dá um jeito. A humanidade com seu complexo de Deus, sente-se sempre escolhida a sobreviver nesse planeta, portanto haveremos de sair vencedores —oxalá. Enquanto isso não acontece, continuamos presos a protocolos sanitários e tratamentos eficazes ou não,  a fim de nos salvaguardarmos diante dessa tensa batalha pela sobrevivência. Acontece que, enquanto nossa espécie acaba politizando algo que deveria ser apenas das ciências naturais, o vírus não quer nem saber e já parte para uma nova mutação e autofortalecimento.
   Sim, a natureza sempre encontra uma maneira, mas o homem sempre acaba encontrando uma maneira de piorar as coisas.

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