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Violência no campo só termina com reforma agrária

InternetJoão Pedro Stédile

João Pedro Stédile

Nesta segunda e última parte da entrevista, Stédile reclama do governo Lula, da impunidade no campo e as poucas mudanças que o governo do presidente Barack Obama, nos Estados Unidos, trará ao contexto financeiro internacional. Acompanhe:

As promessas do Governo Lula para a reforma agrária estão sendo cumpridas? O que falta? Lula traiu o Brasil? Traiu os pobres? As elites?

JPS- O governo Lula está em dívida com o nosso movimento. O presidente tem um compromisso histórico com a reforma agrária, no entanto, o governo dá prioridade para o agronegócio. Nem as propostas apresentadas na primeira eleição do Lula nem o plano nacional de reforma agrária do governo foram cumpridos. Na nossa avaliação, o governo Lula é formado por uma composição de forças, que inclui a direita, o centro e a esquerda. O setor que tem mais força é compostos por bancos, capital financeiro e setor exportador. Passamos por um descenso do movimentos de massas, que não tem força para pressionar para resolver os problemas do povo. Nesse contexto, o governo não teve força nem coragem para fazer as mudanças que a população esperava com a eleição do Lula.

Luta pela terra em Alagoas. A Justiça alagoana nunca colocou atrás das grades nenhum dos assassinos de sem-terra, pelo menos por aqui. Isso é um fenômeno nacional? Com o Governo Lula, essa sensação de impunidade está sendo alterada?

JPS- A impunidade da violência contra os trabalhadores rurais e os movimentos populares é generalizado. Já se passaram mais de 10 anos do massacre de Eldorado de Carajás, que deixou 19 sem-terra mortos, e ninguém foi preso. No governo Lula, a situação de impunidade não mudou, mas a violência contra os trabalhadores sem-terra vem aumentando, com a organização de milícias privadas de fazendeiros e empresas do agronegócio. Só a realização da Reforma Agrária pode resolver o problema da violência contra os movimentos do campo.

Contexto internacional. A eleição de Barack Obama á presidência dos Estados Unidos muda exatamente o quê o contexto internacional? Dá para se pensar, por exemplo, em um mundo com melhor distribuição de renda? Um capitalismo mais “light”?

JPS- Não temos grandes esperanças com o resultado da eleição nos Estados Unidos. O Obama representa um avanço em relação ao Bush, mas está longe de ser um Roosvelt, que fez um grande programa para os pobres. A campanha dele foi patrocinada por empresas poderosas, inclusive do agronegócio, como a ADM. Por outro lado, os pobres, negros e latinos votaram e garantiram a vitória dele. Esperamos que o Obama tire as tropas do Iraque e do Afeganistão, desative a base de Guantanamo e acabe com o embargo a Cuba. Fora isso, não devem acontecer grandes mudanças. Temos esperanças que o povo dos Estados Unidos acorde com a crise econômica e faça um grande movimento em defesa dos trabalhadores e contra as empresas que exploram os povos por todo o mundo.

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